Portugal tem maior incidência de tuberculose do que o resto da Europa Ocidental
A conclusão é do relatório da OMS, que diz que o país registou 23 novos casos por cem mil habitantes no ano passado.DGS diz que os números são mais baixos.
Um relatório divulgado nesta quinta-feira pela Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que, em 2015, Portugal foi o país da Europa Ocidental com a maior taxa de incidência de tuberculose, com 23 casos por cem mil habitantes, superado apenas pelos países do Leste como a Rússia, Roménia, Moldávia, Geórgia, Ucrânia, Bósnia-Herzegovina, Arménia, Bielorrússia, Letónia e Lituânia, que têm taxas de incidência superiores à da União Europeia, que registou 36 casos por cem mil habitantes.
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Um relatório divulgado nesta quinta-feira pela Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que, em 2015, Portugal foi o país da Europa Ocidental com a maior taxa de incidência de tuberculose, com 23 casos por cem mil habitantes, superado apenas pelos países do Leste como a Rússia, Roménia, Moldávia, Geórgia, Ucrânia, Bósnia-Herzegovina, Arménia, Bielorrússia, Letónia e Lituânia, que têm taxas de incidência superiores à da União Europeia, que registou 36 casos por cem mil habitantes.
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) realçou, em Março deste ano, na divulgação de dados sobre a infecção, que o país atingiu, no ano passado, o número mais baixo de sempre de casos de tuberculose. E já nesta quinta-feira emitiu um comunicado onde “esclarece” que, “à data de hoje, o número de casos novos de tuberculose, excluindo re-tratamentos (visto que já tinham sido notificados anteriormente) foi inferior a 20 por cem mil habitantes em 2015”.
“Nesse ano, foram diagnosticados e comunicados à Direcção-Geral da Saúde 2158 casos de tuberculose dos quais 1987 eram novos, o que traduz uma taxa de incidência de 19,2 por 100 mil habitantes para uma população residente estimada pelo INE de 10.358.076 habitantes”, acrescenta o comunicado.
À Lusa, o director-geral da Saúde, Francisco George, disse, reagindo ao relatório, que a OMS apresenta “estimativas com margens de erro, e não números reais, absolutos”. “Oportunamente, já tínhamos dito aos relatores que não concordávamos com o relatório e com a fórmula apresentada. Em Portugal, não há estimativas, há números absolutos correspondentes a cada caso que é diagnosticado e tratado”, frisou.
O Relatório Global sobre a Tuberculose, da OMS, citado pela Lusa, refere ainda que, em Portugal, a taxa de mortalidade por tuberculose foi de 2,1 casos por cem mil habitantes. E que na Europa, a taxa de mortalidade estimada foi de 3,5 casos por cem mil habitantes, tendo sido ultrapassada nos países do Leste.
A OMS estima que em 2015 tenham surgido 10,4 milhões de novos casos de tuberculose no mundo, dos quais 5,9 milhões (56%) entre homens, 3,5 milhões (34%) entre mulheres e um milhão entre crianças. E deixou o alerta: embora a incidência e a mortalidade estejam a cair, é preciso acelerar o ritmo do combate à doença. “As acções e investimentos globais estão aquém do necessário para acabar com a epidemia global de tuberculose”, escrevem os autores do documento.
A tuberculose é uma doença provocada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis e afecta sobretudo os pulmões, mas pode afectar outras partes do corpo. A doença transmite-se quando uma pessoa infectada com tuberculose pulmonar expulsa bactérias ao tossir.
Segundo declarações anteriores à divulgação do relatório, a coordenadora do Programa Nacional de Combate à Tuberculose, Raquel Duarte, citadas pela Lusa, vão continuar a surgir, no país, surtos de tuberculose esporádicos em alguns locais, como nas prisões ou em determinados bairros. A DGS alertou para a possibilidade de uma maior e mais concentrada incidência nas zonas urbanas de Lisboa e Porto.
Para Raquel Duarte, uma das prioridades passa por diminuir o tempo que demora entre o aparecimento dos sintomas e o diagnóstico da doença e aumentar a adesão aos tratamentos, sobretudo entre os grupos populacionais mais vulneráveis e resistentes à terapêutica, como sem-abrigo, consumidores de droga, reclusos e infectados com o vírus da sida.
Embora o número de mortes associadas à tuberculose tenha caído 22% a nível mundial, entre 2000 e 2015, esta doença infecciosa continua a ser uma das dez principais causas de morte. Em 2015, 1,8 milhões de pessoas com tuberculose acabaram por morrer com a doença, o que equivale a uma taxa de 17%, que a OMS quer reduzir para 10% até 2020.
A estratégia para a eliminação da tuberculose, definida pela OMS em 2014, visa reduzir as mortes em 95% e o número de novos casos em 90%, entre 2015 e 2035, mas tem metas parciais em 2020, 2025 e 2030. Até 2020, o mundo deve registar uma redução de 35% no número de mortes por tuberculose e de 20% na taxa de incidência, face aos números de 2015.