Raparigas de Chibok: 21 foram libertadas, segundo Governo da Nigéria

Mais de 270 estudantes de liceu foram raptadas há dois anos pelos fundamentalistas do Boko Haram. Algumas terão morrido e outras forçadas a casar-se e a engravidar de militantes daquele grupo extremista.

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AFP/-

Vinte e uma das raparigas de Chibok, o grupo de 276 estudantes de liceu raptadas há mais de dois anos, pelo grupo fundamentalista nigeriano Boko Haram, foram libertadas esta quinta-feira.

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Vinte e uma das raparigas de Chibok, o grupo de 276 estudantes de liceu raptadas há mais de dois anos, pelo grupo fundamentalista nigeriano Boko Haram, foram libertadas esta quinta-feira.

Um porta-voz do presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, escreveu num tweet, que as raparigas foram libertadas e estão neste momento sob custódia do Governo. Segundo as agências internacionais, o porta-voz contou que a libertação resultou das negociações mantidas com o grupo extremista, mediadas pela Cruz Vermelha e pelo Governo suíço. "As negociações continuarão", asseverou Garba Shehu.

Ainda sem grandes detalhes quanto à forma como as reféns foram resgatadas, os órgãos de comunicação social do país contam que estas terão sido recolhidas por um helicóptero militar, num local previamente combinado com o Boko Haram. 

Até agora, apenas duas das estudantes raptadas foram comprovadamente encontradas. A última, Amina Ali Nkeki, 19 anos, foi resgatada em Maio passado, depois de ter sido identificada por um vigilante local quando carregava um bebé na vasta floresta de Sambisa, tida como uma espécie de fortaleza do Boko Haram, onde seguia com um suposto membro do grupo islamista, que apontou como sendo seu marido. 

As autoridades acreditam que cerca de 50 das raparigas raptadas terão conseguido escapar e que as restantes continuam nas mãos do grupo fundamentalista. Em Agosto, o Boko Haram divulgou um vídeo com imagens do que pareciam ser dezenas das raparigas de Chibok. O grupo fundamentalista alegou então que as mantinha em cativeiro, casando-as com muitos dos seus militantes e forçando-as a engravidar. Os extremistas queriam então usar as jovens reféns como moeda de troca para libertar combatentes que se encontravam presos. Na altura, o grupo alegava ainda que algumas das reféns tinham morrido na sequência de bombardeamentos governamentais e chegou a mostrar imagens dos seus corpos no final do vídeo.

O Governo de Muhammadu Buhari vem dizendo há muito que o grupo está “tecnicamente derrotado”, mas ainda não deu mostras de ter conseguido travar a violência que grassa no Norte do país. O Boko Haram matou mais de 20 mil pessoas desde 2009, fez mais de dois milhões de refugiados e terá raptado pelo menos duas mil mulheres, que usará para aliciar novos combatentes.

A subsistência do grupo tem constituído um dos maiores embaraços para o Governo liderado por Buhari que conseguiu ser eleito muito à custa das promessas de derrotar o grupo jihadista. Os militantes sobrevivem, porém, em Sambisa, de onde lançam ofensivas sobre vilas desprotegidas.