Documentário sobre crise dos refugiados estreia-se em Portugal
O filme galardoado filmado no "duro território" da ilha de Lampedusa é uma crítica à actuação que muitos países têm tido face à questão dos refugiados.
O documentário Fogo no mar, da autoria do italiano Gianfranco Rosi, que venceu o Urso de Ouro no último Festival de Cinema de Berlim, tem estreia marcada para esta quinta-feira em Portugal. Fogo no mar (Fuocoammare, no original) é um retrato da crise de refugiados na Europa a partir da ilha italiana de Lampedusa.
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O documentário Fogo no mar, da autoria do italiano Gianfranco Rosi, que venceu o Urso de Ouro no último Festival de Cinema de Berlim, tem estreia marcada para esta quinta-feira em Portugal. Fogo no mar (Fuocoammare, no original) é um retrato da crise de refugiados na Europa a partir da ilha italiana de Lampedusa.
Entrevistado em Junho pela Lusa, no âmbito do Fórum dos Direitos Fundamentais, em Viena, capital austríaca, Gianfranco Rosi disse que, com o filme, pretendeu "sensibilizar para a inaceitabilidade de deixar as pessoas morrerem no meio do mar".O realizador italiano de origem eritreia tem feito ouvir a sua voz, crítica, sobre as actuais políticas sobre migrações.
"O Mediterrâneo transformou-se num túmulo, num cemitério sem cruzes nem mármores", lamentou, na altura. "Isto é inaceitável", rejeitou, comparando a "tragédia" dos migrantes com o Holocausto. "E estamos conscientes disso. Mas nada fazemos", criticou.
Ele próprio um migrante, Rosi optou por filmar no "duro território" da ilha italiana de Lampedusa, que já foi foco nevrálgico da chegada de barcos sobrelotados de migrantes, mas que actualmente é apenas uma passagem de trânsito ocasional.
"Quis dar um ponto de vista diferente, sobre a ilha e os migrantes, que, paradoxalmente, nunca se encontram. São dois mundos separados. É uma metáfora do que a Europa é agora", explicou.
O filme não tem respostas, apenas deixa perguntas em aberto. Mas Rosi tem algumas certezas, como a necessidade de "deixar de chamar a isto uma emergência e agir como se isto fizesse parte da nossa vida" e "parar de focar nas fronteiras, quando as pessoas estão a morrer no mar".
E, também "parar de pensar em números e olhar nos olhos das pessoas, para ver o desespero em que estão", aconselhou. "Como podemos permitir que as pessoas morram no meio do mar, à procura de uma vida melhor", questionou.
Na sessão especial preparada para a estreia do filme em Portugal, às 21h30, no Espaço Nimas, em Lisboa, estará presente Pascoal Rocha, agente da Polícia Marítima e chefe de equipa da missão "Poseidon Sea", na Ilha grega de Lesbos