"Nunca tivemos tão bons alunos", diz presidente do CNE

David Justino voltou a chamar a atenção, no parlamento, para o consumo excessivo de ritalina por parte de crianças e jovens.

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David Justino esteve no parlamento para apresentar o último relatório sobre o estado da educação em Portugal Rui Guadencio

O presidente do Conselho Nacional de Educação defendeu nesta quarta-feira que Portugal nunca teve alunos tão bons, mas que agora é preciso dar resposta às aspirações profissionais destes jovens.

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O presidente do Conselho Nacional de Educação defendeu nesta quarta-feira que Portugal nunca teve alunos tão bons, mas que agora é preciso dar resposta às aspirações profissionais destes jovens.

"Nós nunca tivemos tão bons alunos como temos agora", resumiu o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), David Justino, durante uma audição no parlamento para discutir o relatório sobre o Estado da Educação 2016, divulgado recentemente.

O ex-ministro da Educação explicou aos deputados que o estudo fez uma avaliação da evolução dos alunos nos últimos anos e lembrou uma das principais mudanças: "Actualmente os miúdos vêm de famílias mais qualificadas porque, em média, a população portuguesa também está mais escolarizada".

A formação dos encarregados de educação é reconhecida como um dos factores para o sucesso educativo. O grande desafio agora é conseguir que a economia e a sociedade consigam gerar as respostas necessárias que respondam ao aumento de qualificações dos portugueses.

"Este é o ponto que temos de olhar com muito cuidado", alertou.

Ritalina a mais

Outras das boas notícias do relatório são a redução significativa do consumo de substâncias aditivas por parte dos estudantes e a melhoria dos indicadores de comportamentos nas salas de aulas. Sobre os casos de indisciplina, o presidente do CNE defendeu que é preciso compreender os alunos e perceber que nas aulas deve haver períodos de concentração mas também períodos de mais flexibilidade.

Já no que toca a problemas detectados, o presidente do CNE lembrou as elevadas taxas de retenção e o fenómeno "extremamente surpreendente do aumento imprevisível de Ritalina -- um dos medicamentos mais utilizados para combater o défice de atenção".

Citando dados do Infarmed, David Justino indicou que actualmente são vendidas 300 mil embalagens por ano. "Eu não creio que seja um bom sinal", resumiu, criticando o facto de em vez de se desenvolverem processos de educação, tentar-se “tratar tudo com medicamentos".

"Temos ou não um sistema educativo que está feito para não saber lidar com crianças irrequietas? Temos ou não um sistema educativo que não sabe lidar com estas crianças e diagnostica como doença? O próprio sistema educativo está ou não excessivamente padronizado e não sabe trabalhar com a diferença?", questionou, a este respeito, a deputada do Bloco de Esquerda, Joana Mortágua.