Novo livro de Sócrates sobre carisma já este mês

Obra tem como título O dom profano – Considerações sobre o carisma.

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Segundo livro de Sócrates a caminho Nuno Ferreira Santos

Aquele que ficou conhecido como “animal feroz”, mesmo antes de ter sido o único ex-primeiro-ministro português detido até agora, decidiu escrever um livro precisamente sobre carisma na política. A obra do socialista – sempre polémico, conhecido tanto por suscitar ódios como defesas exacerbadas – será apresentada a 28 de Outubro, às 18h30, no Auditório I da FIL – Centro de Exposições e Congressos de Lisboa, mas no dia anterior já estará nas bancas. Chama-se O dom profano – Considerações sobre o carisma e é da autoria do ex-primeiro-ministro José Sócrates.

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Aquele que ficou conhecido como “animal feroz”, mesmo antes de ter sido o único ex-primeiro-ministro português detido até agora, decidiu escrever um livro precisamente sobre carisma na política. A obra do socialista – sempre polémico, conhecido tanto por suscitar ódios como defesas exacerbadas – será apresentada a 28 de Outubro, às 18h30, no Auditório I da FIL – Centro de Exposições e Congressos de Lisboa, mas no dia anterior já estará nas bancas. Chama-se O dom profano – Considerações sobre o carisma e é da autoria do ex-primeiro-ministro José Sócrates.

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A TVI 24, que já teve acesso à nota de apresentação escrita pelo próprio, conta que a obra foi esboçada quando o socialista esteve detido preventivamente na prisão de Évora, no âmbito da Operação Marquês. “Nas suas linhas gerais, este livro foi esboçado na prisão e, depois, desenvolvido com troca de impressões, sugestões de leituras e observações de muitos amigos com quem partilho afinidades electivas na política”, avança Sócrates, sem citar nomes. 

O PÚBLICO tentou saber, junto da Sextante que publica a obra, quem iria apresentar o livro, mas para já os responsáveis pela editora não adiantaram qualquer nome. José Sócrates é, sobretudo depois de ter sido detido por suspeita de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção, um nome polémico na política. O socialista continua a negar aqueles crimes e a tecer duras críticas à justiça por não lhe ter sido apresentada, até agora, a acusação.

Questionado sobre se o livro pode vir a ser polémico, o editor João Rodrigues, esclareceu por email: “Não nos parece que haja razão para ser polémico, dado que é um normal ensaio de ciência política.” João Rodrigues acredita que “é um livro que promove o debate” sobre aquele tema e, nesse sentido, cumpre “a função de uma editora que é propor aos leitores aquelas obras que julga interessantes para um debate público”. Na resposta enviada ao PÚBLICO, diz ainda: “É a ele, ao público, que compete depois apreciar o conteúdo da obra e as suas implicações.”

Na nota de imprensa enviada pela editora, pode ler-se o seguinte sobre a obra de 160 páginas: “Em O dom profano, o autor percorre a história do carisma, primeiro na teologia de S. Paulo, onde nasceu como conceito religioso, até à sua transformação em categoria da sociologia política na obra de Max Weber.”

“O que mais persistentemente ficou no meu espírito foi a desconfiança do autor [Max Weber] relativamente ao poder dos aparelhos burocráticos e a aversão ao regime de funcionários. A actual crise europeia levou-me a regressar a Weber e a este tema, cem anos depois. Esta é a razão do livro”, escreve Sócrates na nota de apresentação.

Sobre o tema do livro acrescenta ainda: “Na ciência política, a questão do carisma é, no essencial, uma discussão sobre liderança. Durante muito tempo, na cultura política europeia este debate foi residual. Afinal, pensava-se que podíamos aperfeiçoar as democracias pondo de lado, com vantagem, a dimensão pessoal da política e substituindo-a pela discussão sobre ideias e programas. Qualquer valorização das questões da liderança ecoava como suspeita perante as regras da democracia. O fantasma dos totalitarismos carismáticos deixou uma longa herança.”

Este é o segundo livro de José Sócrates – primeiro-ministro entre 2005 e 2011, entre outros cargos que ocupou. Antes de ter sido detido no âmbito da Operação Marquês, tinha já escrito A Confiança no Mundo – Sobre a tortura em democracia.