Zeca Baleiro e Zélia Duncan, “uma parceria verdadeira, do começo ao fim”

Juntos num projecto inédito que dará um disco, Zeca e Zélia actuam esta sexta-feira no Porto, no Coliseu e sábado no Campo Pequeno, em Lisboa. Sempre às 22h.

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Há uma velha canção de Peninha, que Caetano Veloso a dado momento fez sua, que diz: “Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo, me absorvendo”. A ligação entre Zeca Baleiro e Zélia Duncan, cantores e compositores brasileiros que nunca tinham trabalhado juntos, começou quase assim. “Surgiu a partir de um convite para um projecto de uma série de encontros de dois artistas, em Salvador [da Bahia] ao longo de um ano”, diz Zeca Baleiro. “Mas a um mês do projecto acontecer, caiu o patrocínio e cancelaram. Só que a gente já estava ensaiando e resolvemos nós mesmos bancar o projecto.” Zeca e Zélia já tinham começado a compor canções, a fazer contactos, não podiam parar. Ou melhor, podiam mas não quiseram. “Começaram a rolar convites e a gente passou dois anos envolvidos com esse show, mas como uma coisa secundária nas nossas vidas.”

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Há uma velha canção de Peninha, que Caetano Veloso a dado momento fez sua, que diz: “Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo, me absorvendo”. A ligação entre Zeca Baleiro e Zélia Duncan, cantores e compositores brasileiros que nunca tinham trabalhado juntos, começou quase assim. “Surgiu a partir de um convite para um projecto de uma série de encontros de dois artistas, em Salvador [da Bahia] ao longo de um ano”, diz Zeca Baleiro. “Mas a um mês do projecto acontecer, caiu o patrocínio e cancelaram. Só que a gente já estava ensaiando e resolvemos nós mesmos bancar o projecto.” Zeca e Zélia já tinham começado a compor canções, a fazer contactos, não podiam parar. Ou melhor, podiam mas não quiseram. “Começaram a rolar convites e a gente passou dois anos envolvidos com esse show, mas como uma coisa secundária nas nossas vidas.”

Ele tinha um disco novo para lançar, ela outro. Além dos projectos paralelos que Zeca Baleiro mantém, desde a produção de discos alheios a música para filmes. Mesmo assim, conseguiram o prodígio de, sem qualquer disco gravado (este era apenas um projecto para palco), estrearem em Salvador e actuarem depois em quase todas as capitais brasileiras. O convite para actuarem em Portugal chegou-lhes no momento certo. “Estamos construindo lentamente um disco e esse convite veio trazer uma nova frescura ao projecto.” Não se sabe, no entanto, que disco sairá daqui. “Há dois projectos: a gravação ao vivo, que seria a réplica mais fiel do show, e outro em estúdio, com a colaboração de alguns produtores. Até ao início do ano acho que teremos um disco, se a produção continuar tão profícua.”

"Tudo a quatro mãos"

O que têm, então, ambos em comum agora? Maranhense, nascido em 11 de Abril de 1966, Zeca Baleiro lançou o primeiro disco em 1997, Por Onde Andará Stephen Fry?, e nestes quase vinte anos não parou; Zélia Duncan, nascida em 28 de Outubro de 1964, em Niterói, lançou o primeiro disco homónimo em 1994 (há um anterior, de 1990, ainda com o nome de Zélia Cristina, o Duncan que ela adoptou mais tarde era o apelido da sua avó) e a sua carreira já conta com um número considerável de discos, a par de projectos com outros artistas (trouxe a Portugal uma parceria com Simone, Amigo é Casa, em 2009).

Sendo o seu percurso paralelo no tempo mas por caminhos distintos, Zeca e Zélia, além de partilharem o Z do nome, têm várias referências em comum na música popular. Isso transparece do espectáculo que criaram juntos, e que agora chega a Portugal em dois concertos: esta sexta-feira no Coliseu do Porto, às 22h; e sábado dia 8 de Outubro no Campo Pequeno, em Lisboa, também às 22h. “Fizemos tudo quatro mãos, mesmo”, diz Zeca. “Há canções com letra dela e melodia minha ou vice-versa, foi uma parceria verdadeira, do começo ao fim. Até agora temos umas 18 canções novas, cinco delas já gravadas. Uma está como single, aqui na rádio [chama-se Fox Baiano] e outras estão em vídeo no Youtube [Seria, Decidi, Tudo sobre você ou A natureza das coisas].”

Ao sabor do momento

No palco, estarão apenas os dois, sem quaisquer outros músicos a acompanhar. “Isso dá um tom mais intimista ao show”. Quanto ao repertório, parte dele é inédito, mas haverá espaço para cada um apresentar as suas próprias canções, já rodadas a solo. “Primeiro vamos fazer canções que compusemos juntos. Depois haverá uma parte em que cada um de nós apresenta o seu trabalho a solo e, por fim, cantaremos também músicas de um repertório comum, autores que a gente admira e reverencia e que têm a ver com a nossa formação artística e musical como Tom Zé, Roberto e Erasmo Carlos, Gilberto Gil ou António Carlos & Jocafi. É uma lista imensa que a gente vai modificando show a show. Conforme o sabor do momento e o nosso humor, assim irão surgindo as canções.”

Nesta maré de duplas brasileiras, ainda teremos em Portugal, este mês, o muito aplaudido encontro de Ana Carolina com Seu Jorge. Primeiro em Lisboa, no Meo Arena, no dia 28; depois em Guimarães, no Pavilhão Multiusos, no dia 29. Mas agora o tempo é de Zeca Baleiro e Zélia Duncan, que prometem ser mais do que a simples soma dos dois.