Guerra pela liderança do UKIP estendeu-se aos corredores de Estrasburgo

Candidato à sucessão de Farage caiu inanimado depois de ter sido atingido por um murro durante briga com colega. Demissão de Diane James agravou guerra de facções no partido antieuropeu britânico.

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Andrew Yates/Reuters

Foi um dia de novos mínimos para o UKIP, o Partido da Independência do Reino Unido, que viu dois dos seus eurodeputados envolverem-se numa briga em Estrasburgo. Um deles foi Steven Woolfe, considerado favorito à vitória nas eleições que o partido terá de realizar pela segunda vez para escolher um sucessor para Nigel Farage, que acabou hospitalizado depois de ter caído inanimado num corredor do Parlamento Europeu.

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Foi um dia de novos mínimos para o UKIP, o Partido da Independência do Reino Unido, que viu dois dos seus eurodeputados envolverem-se numa briga em Estrasburgo. Um deles foi Steven Woolfe, considerado favorito à vitória nas eleições que o partido terá de realizar pela segunda vez para escolher um sucessor para Nigel Farage, que acabou hospitalizado depois de ter caído inanimado num corredor do Parlamento Europeu.

“Lamento informar que no seguimento de uma altercação durante um encontro de eurodeputados do UKIP, nesta manhã, Steven Woolfe desmaiou e foi levado para o hospital”, anunciou Nigel Farage, que assumiu novamente a liderança do UKIP depois da demissão de Diane James, 18 dias apenas após ter sido eleita, queixando-se de não ter autoridade necessária sobre o partido.

O líder interino anunciou que o estado do colega era “grave”, mas algumas horas mais tarde o próprio Woolfe emitiu um comunicado dizendo sentir-se “feliz e sorridente como sempre”, apenas “com uma certa perda de sensibilidade do lado esquerdo da cara”. Os exames que realizou não revelaram coágulos no cérebro, mas o eurodeputado vai permanecer hospitalizado por precaução.

A reunião dos 22 eurodeputados do UKIP foi à porta fechada, mas quem lá esteve dá conta de uma discussão acesa (e azeda), depois de a demissão de James ter agudizado a guerra de facções em que o UKIP está mergulhado desde que Farage anunciou, em Julho, que iria pôr um ponto final numa década em que, mais do que líder foi o one man show do partido.

A surpreendente demissão da eurodeputada reabriu o caminho a Woolfe, próximo de Farage e há muito visto como seu potencial sucessor, depois de em Agosto o comité do partido (dominado por uma facção rival) ter recusado a sua candidatura, alegando que entregara o processo 17 minutos depois do prazo. Woolfe avançou na quarta-feira, mas não sem nova polémica: no comunicado em que anunciou a candidatura revelou que se sentiu tentado a aderir ao Partido Conservador, elogiando algumas das medidas mais à direita adoptadas pela nova primeira-ministra britânica, Theresa May.

Terá sido esta tomada de posição, que alguns opositores classificam de traição, a desatar a discussão em que Wolfe se envolveu durante a reunião com vários colegas.

Um deles, identificado pelo Guardian como Mike Hookem, dirigiu “certas palavras” a Wolfe e este desafiou-o a sair da sala e a resolverem o assunto de outra forma, contou ao jornal uma fonte partidária. “Foram os dois para fora e Steven Woolfe ficou com a parte pior”, contou a mesma fonte. O jornal Telegraph noticiou que o deputado teria embatido com a cabeça numa janela, mas saiu pelo próprio pé do local. Foi só cerca das 12h30, mais de duas horas depois da briga, que se sentiu mal.

O episódio agrava a crise que o UKIP atravessa pouco mais de três meses após ter vencido o referendo que ditou a saída do Reino Unido da UE. Garantida a sua principal razão de ser, o partido ambiciona tornar-se a maior força da oposição, aproveitando a crise no Partido Trabalhista. Mas os conservadores tomaram como suas as principais bandeiras do UKIP, ameaçando canibalizar os louros eleitorais que o partido contava colher, e as cisões internas arriscam-se agora a pôr em causa a sobrevivência de uma formação à qual faltam dirigentes e uma estrutura partidária profissional.