9+1: os antecessores de Guterres
Gladwyn Jebb
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Gladwyn Jebb
24 de Outubro de 1945 é a data oficial do nascimento da ONU. Antes existiu uma Comissão Preparatória, de que o britânico Gladwyn Jebb foi secretário-executivo. De 1945 a Fevereiro de 1946, foi secretário-geral em exercício.
Trygve Lie
Fev 1946/Nov 1952
O norueguês foi o escolhido para ser o primeiro secretário-geral. Devido ao envolvimento da ONU na guerra da Coreia, a União Soviética votou contra a sua reeleição — conseguiu manter-se no cargo, mas demitiu-se pouco depois devido à oposição aberta de Moscovo.
Dag Hammarskjold
Abril 1953/Set 1961
Uma série de candidatos foram vetados e este sueco emergiu como a opção aceitável para o Conselho de Segurança. A União Soviética não gostou da sua liderança e propôs que a liderança da ONU fosse entregue a uma troika. Hammarskjold morreu num desastre de avião na Rodésia (hoje Zâmbia) em 1961. John F. Kennedy considerava-o "o maior estadista" do século.
U Thant
Nov 1961/Dez 1971
O mundo desenvolvido decidiu entregar o cargo a um não-ocidental — foi nomeado um birmanês, mas com a oposição da França (Thant presidira a um comité sobre a independência da Argélia) e dos árabes (a Birmânia apoiava Israel), mas apenas com o encargo de completar o mandato do antecessor. No entanto, acabou por ser reeleito para mais dois mandatos de cinco anos. O primeiro asiático secretário-geral da ONU não tentou a terceira eleição.
Kurt Waldheim
Jan 1972/Dez 1981
De início, o austríaco teve os vetos da China e do Reino Unido, mas acabaria escolhido. Em 1976, a China voltou a tentar bloquear a sua eleição — não conseguiu nesse ano, mas em 1981 impediu a terceira eleição do austríaco. Em meados da década de 1980, foi revelado que Waldheim era suspeito de crimes de guerra devido à sua colaboração com a Alemanha nazi.
Javier Pérez de Cuéllar
Jan 1982/Dez 1991
Foi eleito depois de um empate, que durou cinco semanas, entre Waldheim e o candidato apoiado pela China, Salim Ahmed Salim, da Tanzânia. O diplomata peruano foi o candidato do compromisso. Foi reeleito por unanimidade em 1986.
Boutros Boutros-Ghali
Jan 1992/Dez 1996
Os 102 países do Movimento dos Não Alinhados insistiram que o novo secretário-geral devia ser um diplomata de um país do continente africano. Com o apoio da China, foi escolhido o egípcio — mas foram precisas cinco votações no Conselho de Segurança (o que nunca tinha acontecido antes). Em 1996, viu a sua reeleição travada por um veto norte-americano, tornando-se no único a não conseguir um segundo mandato. O veto surgiu no seio da Administração Clinton, num episódio que ficou conhecido como Operação Expresso do Oriente, e que tinha como base a relutância de Boutros-Ghali em apoiar o bombardeamento da Bósnia pelas forças da NATO. O ganês Kofi Annan acabou por ser o escolhido.
Kofi Annan
Jan 1997/Dez 2006
O diplomata do Gana foi o sétimo secretário-geral. Lançou, por iniciativa pessoal, o Fundo Global de Luta contra a Sida, Tuberculose e Malária. Em 2001, recebeu o Prémio Nobel da Paz em nome das ONU, distinguida pelo "trabalho por um mundo melhor organizado e mais pacífico". Fez frente às grandes potências. Em 2003, advertiu EUA e Reino Unido para não invadirem o Iraque sem uma resolução da ONU e em 2004 disse à BBC que a invasão violou a Carta das Nações Unidas. Em 2006, e a propósito de declarações feita pelo vice-secretário (acusou Washington de usar a ONU em seu próprio proveito), Annan foi acusado de hostilizar os EUA.
Ban Ki-moon
Desde Jan 2007
Deixa o posto a 31 de Dezembro. A 1 de Janeiro, começa o mandato de cinco anos de António Guterres. Ban, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, foi eleito por unanimidade para um segundo mandato.