O pastelão histórico pequeno-burguês
Dominik Graf tem uma boa história em mãos e afoga-a numa modorra de pastelão histórico: Irmãs Amadas.
A cinematografia alemã contemporânea não é nada de deitar fora e alguns dos seus melhores exemplares até têm merecido estreia (Christian Petzold não nos deixa mentir). É por essa razão que a estreia de Irmãs Amadas – inexplicavelmente extemporânea, pois o filme teve a sua estreia em Berlim 2014, e foi o nomeado alemão aos Óscares de 2015 – merece ser ao mesmo tempo notada e lamentada.
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A cinematografia alemã contemporânea não é nada de deitar fora e alguns dos seus melhores exemplares até têm merecido estreia (Christian Petzold não nos deixa mentir). É por essa razão que a estreia de Irmãs Amadas – inexplicavelmente extemporânea, pois o filme teve a sua estreia em Berlim 2014, e foi o nomeado alemão aos Óscares de 2015 – merece ser ao mesmo tempo notada e lamentada.
A história verídica (mas ficcionada) do trio romântico formado pelo escritor e historiador Friedrich Schiller e pelas irmãs Charlotte e Caroline von Langefeld na Alemanha de finais do século XVIII é fascinante – uma paixão com tanto de físico como de platónico, de uma modernidade radical, à frente de um tempo a meio caminho entre o fim do Iluminismo e as convulsões pós-Revolução Francesa. Só que este Jules e Jim feminino avant la lettre, mesmo transportado por elenco excelente e reconstituição cuidada, afoga essa modernidade numa modorra bafienta de telefilme de prestígio, de mini-série televisiva compactada para cinema, de interminável pastelão histórico pequeno-burguês, com alguns momentos notáveis prisioneiros de um todo demasiado espartilhado pelas convenções.