Quando salvar vidas se confunde com controlar e repatriar
“A vida humana está acima de tudo mas ninguém pode entrar na União Europeia sem ser controlado”, diz a capitão Ana Lopes.
À ilha de Kos chegam sobretudo paquistaneses. À ilha de Chios chegam mais sírios e afegãos. São estas as duas ilhas da Grécia onde está presente a missão da GNR, a uns escassos cinco quilómetros da costa da Turquia. E era esta a realidade quando a missão começou em Abril de 2016. A presença da GNR foi agora prolongada até Dezembro deste ano enquanto a da Polícia Marítima terminou, ao fim de um ano, no passado dia 30 de Setembro. O compromisso do Governo português decorre dos pedidos feitos pela agência europeia Frontex (que gere a cooperação operacional nas fronteiras externas da União Europeia).
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À ilha de Kos chegam sobretudo paquistaneses. À ilha de Chios chegam mais sírios e afegãos. São estas as duas ilhas da Grécia onde está presente a missão da GNR, a uns escassos cinco quilómetros da costa da Turquia. E era esta a realidade quando a missão começou em Abril de 2016. A presença da GNR foi agora prolongada até Dezembro deste ano enquanto a da Polícia Marítima terminou, ao fim de um ano, no passado dia 30 de Setembro. O compromisso do Governo português decorre dos pedidos feitos pela agência europeia Frontex (que gere a cooperação operacional nas fronteiras externas da União Europeia).
Nos primeiros três meses, foi liderada pela capitão Ana Lopes, de 34 anos — a primeira mulher a comandar uma missão internacional da GNR, como as de Timor-Leste, Afeganistão, Iraque. Esta é na Grécia. A cada país, ou a cada força de um país, como a GNR, é atribuída uma zona do Mar Egeu. E é a essa zona que se restringe a vigilância a cargo de cada força.
Ana Lopes estava, como oficial de ligação da Unidade de Controlo Costeiro da GNR, no porto Pireu de Atenas onde fica instalado o Centro de Coordenação de todos os países que participam na missão da Frontex. Todas as manhãs, durante três meses, recebia as informações de todas as ilhas e coordenava com as forças dos outros países as operações da GNR para as horas seguintes.
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Assim era o dia-a-dia da comandante da missão, que liderava 31 homens, quando não havia incidentes imprevistos. Nesses momentos, a capacidade de coordenação e de resposta eram (e são) muito importantes para a missão. Com um objectivo: “ter o máximo de informação possível” para "impedir o grande fluxo migratório e contribuir para a salvaguarda de vidas humanas no mar”. Mais previsíveis eram as chegadas a Kos ao início da noite. As chegadas a Chios aconteciam mais ao início da manhã, pelas 6h00.
Em seis meses de missão, a Unidade de Controlo Costeiro da GNR resgatou 577 pessoas e detectou mais de 1370. “A vida humana está acima de tudo mas ninguém pode entrar na União Europeia sem ser controlado”, diz a capitão Ana Lopes. E isso, significa que, quando são detectadas numa praia da Turquia ou já no mar, mas ainda em zona turca, um representante da Turquia vai ao local recolher as pessoas. A partir daí, podem ser bem sucedidas no seu pedido de asilo às autoridades europeias ou, em vez disso, serem repatriadas para os seus países.
Quando os seus homens das equipas de patrulhamento terrestre, estacionados em Kos e Chios, avistavam ao longe, através de imagens ampliadas por câmaras térmicas, famílias inteiras a descerem pelas colinas e a preparem-se para entrar numa embarcação, era dado o alerta. O mesmo acontecia se os refugiados — sírios, iraquianos ou paquistaneses, ou de outras nacionalidades — fossem detectados pelo patrulhamento marítimo junto às fronteiras marítimas. "Desta forma impedimos ilícitos criminais de facilitadores e que estas pessoas, dispostas a arriscar tudo, avancem no mar nestas embarcações", diz a capitão Ana Lopes.
São barcos insufláveis com cinco metros que transportam 15 pessoas. Ou embarcações de oito metros com 60 migrantes a bordo. A travessia pode custar entre 500 e 2500 euros. Só quem pode pagar mais viaja em melhores condições de segurança, numa embarcação de fibra.