Este ano “nada falhou” no combate aos incêndios, garante a Protecção Civil
Comandante operacional nacional enaltece acção no terreno, apesar de ter ardido mais área do que na média da última década e o dobro do ano passado.
O comandante operacional nacional da Protecção Civil, José Manuel Moura, defendeu esta terça-feira que "nada falhou" este ano no combate aos incêndios florestais em Portugal continental, considerando, no entanto, que foi "muito difícil" a extinção de alguns fogos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O comandante operacional nacional da Protecção Civil, José Manuel Moura, defendeu esta terça-feira que "nada falhou" este ano no combate aos incêndios florestais em Portugal continental, considerando, no entanto, que foi "muito difícil" a extinção de alguns fogos.
"Na parte do combate nada falhou. A nós exigiram-nos muito e nós demos tudo", disse aos jornalistas, o comandante José Manuel Moura, numa conferência de imprensa realizada na sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), sobre o período mais crítico em incêndios florestais, que terminou a 30 de Setembro.
Segundo os dados apresentados, a área ardida este ano mais do que duplicou em relação a 2015, tendo os incêndios florestais consumido, até 30 de Setembro, 150.499 hectares. José Manuel Moura adiantou que a área ardida este ano ficou "acima da média" dos últimos 10 anos e com valores semelhantes a 2013 e 2010, mas inferiores a 2003 e 2005.
Já o número de incêndios diminuiu este ano cerca de 16% em relação a 2015, tendo deflagrado, entre 1 de Janeiro e 30 de Setembro, 12.488 fogos.
Questionado sobre os valores da área ardida, José Manuel Moura afirmou que estão relacionados com "a severidade meteorológica", que este ano alcançou o valor mais elevado dos últimos 17 anos, sendo apenas inferior a 2005, 2013 e 2015.
"Foi de facto muito difícil a extinção de alguns incêndios", disse, sublinhado que entre os dias 7 e 10 de Agosto ocorreu uma severidade extrema e, por isso, os resultados alcançados são "motivo de satisfação". José Manuel Moura realçou que "a quantidade de grandes incêndios em simultâneo tem expressão directa no valor diário e final da área ardida".
Segundo o comandante, durante o Verão ocorreram três ondas de calor, registando-se, em Agosto, nove dias consecutivos acima das 250 ocorrências de fogo e, em Setembro, seis dias consecutivos com mais de 150 incêndios.
Cerca de 33% do total da área ardida (45.489 hectares) ocorreu em incêndios com início a 8 de Agosto, mês que registou um número de ignições e área ardida "bastante superior" ao valor médio do decénio, sublinhou o responsável pela ANPC.
José Manuel Moura referiu também que em Setembro se registou um pico de severidade meteorológica elevada, mas o número de incêndios e área ardida foram "muito inferiores" aos verificados em Agosto. No entanto, a área ardida no mês de Setembro ficou acima da média dos últimos 10 anos.
Na conferência de imprensa, José Manuel Moura destacou que este ano não se registou qualquer vítima mortal no combate aos incêndios. Dados divulgados pela ANPC indicam também que o distrito do Porto foi o que registou mais ocorrências de fogo, mas Aveiro e Viana do Castelo são os distritos com mais área ardida. De acordo com a Protecção Civil, 35% dos grandes incêndios tiveram origem intencional, 26% tiveram causa negligente e 29% decorreram de causas desconhecidas.
A época crítica em incêndios florestais, conhecida por fase Charlie, decorreu entre 1 de Julho e 30 de Setembro.