Reacções à morte de Mário Wilson unânimes na admiração
O "Velho Capitão" é elogiado por todos sem excepção.
As reacções à morte de Mário Wilson, que faleceu nesta segunda-feira, aos 86 anos, foram várias e surgiram dos mais diversos quadrantes do desporto nacional.
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As reacções à morte de Mário Wilson, que faleceu nesta segunda-feira, aos 86 anos, foram várias e surgiram dos mais diversos quadrantes do desporto nacional.
Natural de Maputo, em Moçambique, Mário Wilson envergou, como jogador, as camisolas do Desportivo de Lourenço Marques, Sporting e Académica.
Como treinador, orientou o Benfica em três ocasiões, em 1975-76, 1979-80 e 1995-96, mas também emblemas como Académica, Belenenses, Vitória de Guimarães e Boavista, entre outros, assim como a selecção portuguesa na qualificação para o Europeu de 1980.
Filipe Vieira: "Será sempre um exemplo"
Numa mensagem colocada no site oficial do Benfica, o presidente “encarnado” Luís Filipe Vieira lembrou Mário Wilson como “uma figura ímpar”. “Um ser humano com um coração tão grande nunca nos devia deixar. Razão pelo qual permanecerá sempre na nossa memória como um caso raro de entrega e paixão ao fenómeno desportivo. Pela sua humildade e disponibilidade para o próximo será sempre um exemplo”, acrescentou o dirigente.
Paulo Almeida: "Sentiu a Académica como poucos"
“A Académica, o País e o Futebol estão de luto. Faleceu esta segunda-feira Mário Wilson, antigo jogador e treinador da Briosa e uma das figuras de maior destaque na História da nossa Instituição”, escreveu o emblema de Coimbra nas redes sociais, acrescentando: “Sem palavras para descrever o profundo sentimento de tristeza que nos invade, ficam as memórias e, sobretudo, a admiração por alguém que viveu e sentiu a Académica como poucos.”
Fernando Gomes: "Conquistou o respeito pela sua superior conduta ética e moral"
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol enalteceu a superior conduta ética e moral de Mário Wilson, o “velho capitão” que construiu “uma carreira quase ímpar no futebol português, quer como jogador quer como treinador”. “Foi com grande tristeza que recebi a notícia da morte de Mário Wilson. Pessoa de uma bonomia e trato ímpares, o ‘velho capitão’ – como todos os que dele gostavam se habituaram a tratá-lo – construiu uma carreira quase ímpar no futebol português, quer como jogador quer como treinador”, começou por dizer Fernando Gomes, em comunicado publicado na página da FPF.
“Mário Wilson ganhou inúmeros campeonatos e Taças, marcou muitos golos, orientou muitas vitórias, deu-nos muitas alegrias mas, acima de tudo, conquistou o respeito de todos os que com ele conviviam pela sua superior conduta ética e moral”, acrescenta Fernando Gomes.
Bruno de Carvalho: "Uma figura de referência do futebol nacional"
Já o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, definiu Mário Wilson, como “um cavalheiro”. “Era reconhecidamente um cavalheiro que, como atleta e treinador, passou por inúmeros clubes deixando sempre a sua marca. Foi o que aconteceu também no Sporting onde, nas épocas de 1949-50 e 1950-51, contribuiu para a conquista de um título de campeão nacional”, destacou o presidente "leonino", na sua página no Facebook.
Considerando Mário Wilson como “uma figura de referência do futebol nacional”, Bruno de Carvalho recordou a longa carreira como treinador do "velho capitão", que alcançou o topo desempenhando o cargo de seleccionador nacional.
Manuel António era um miúdo de 18 anos quando foi treinado por Mário Wilson, na Académica, em 1964-65. “Era um homem espectacular. Era o capitão. Éramos muito novos, mas ele era o capitão. Sempre foi a alcunha dele. Era um autêntico líder e sabia muito de futebol”, recordou ao PÚBLICO o ex-avançado internacional português e actual director do Instituto Português de Oncologia de Coimbra.
“Era um homem afável, que sabia de futebol, simpático e com capacidades de liderança. Tinhas as qualidades para ser o grande treinador que foi. Da geração que eu conheço, o Mário Wilson foi um dos grandes treinadores da Académica. Berrava e tal, parecia que era mau, mas era sempre amigo do seu amigo. Não era um treinador, era um capitão”, acrescentou Manuel António. “A liderança era uma característica que tinha nascido com ele. Sabia comandar e todos o respeitávamos. Tinha categoria como treinador e dava-nos a confiança suficiente para o tratarmos como capitão. Mas era um homem da brincadeira também. Sabia estar acima de nós, como capitão e comandante, como líder. E sabia estar junto de nós, quando brincávamos uns com os outros, nas partidas e nas amizades que se tinham. Também tinha as suas brincadeiras”, lembrou.
Mário Wilson estreou-se oficialmente pela Académica em Outubro de 1951, com 21 anos, e representou o clube até aos 33. Fez 281 jogos pelo emblema de Coimbra, nos quais marcou 17 golos. “Apesar de jogar, normalmente, a defesa – ou no meio-campo defensivo – nunca foi expulso e só por uma vez teve de abandonar o campo lesionado”, conta-se em Académica – História do Futebol (Almedina, 2007). A época 1964-65 marcou a estreia de Mário Wilson como treinador principal. Assinou contrato com a Académica com duração de um ano e a troco de 12 contos (o equivalente a 60 euros, ao câmbio actual), ilíquidos, por mês, lê-se na mesma obra.