Resistentes antifascismo contra concessão do Forte de Peniche
A União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) manifestou-se neste domingo contra a decisão do Governo de concessionar o Forte de Peniche a privados, para fins turísticos, por considerar que pode pôr em causa a preservação deste símbolo da repressão fascista
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A União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) manifestou-se neste domingo contra a decisão do Governo de concessionar o Forte de Peniche a privados, para fins turísticos, por considerar que pode pôr em causa a preservação deste símbolo da repressão fascista
Confrontada com a possibilidade de a Fortaleza de Peniche vir a ser explorada por entidades privadas para projectos de hotelaria, a URAP manifestou o seu "profundo desacordo com uma medida que possa pôr em causa a preservação deste símbolo sinistro da repressão fascista, onde milhares de antifascistas presos foram submetidos a um regime prisional brutal”.
“A preservação do Forte de Peniche, quer como lugar da repressão e da resistência ao fascismo, quer como lugar de esclarecimento para as jovens gerações sobre o que foi a ditadura fascista, é uma exigência de respeito pela memória de todos aqueles que sacrificaram o melhor das suas vidas para que o povo vivesse em liberdade”, afirma a associação em comunicado.
O Forte de Peniche é um dos 30 edifícios históricos que vão ser concessionados a investidores privados, com o compromisso de que sejam reabilitados e acessíveis ao público, no âmbito de um projecto conjunto dos ministérios da Economia, da Cultura e das Finanças, enquadrado pelo programa Revive, cujo investimento deve atingir os 150 milhões de euros.
Esta decisão, conhecida no final do mês passado, tem suscitado alguma polémica com as opiniões a dividirem-se entre os que estão a favor do projecto e os que estão contra.
O PCP manifestou-se logo contra a intenção do Governo de concessionar os 30 edifícios históricos ao sector privado, particularmente a Fortaleza de Peniche, pelo simbolismo que encerra.
“Não podemos deixar de criticar de forma veemente o facto de o Governo ter colocado nesta lista a Fortaleza de Peniche, ignorando a importância histórica e cultural de um espaço onde não é possível conciliar a actividade hoteleira e turística com a necessidade de preservar integralmente as suas características prisionais históricas".
Por outro lado, tanto a Câmara de Peniche, que é comunista, como as estruturas locais do PCP, PS e PSD são favoráveis à concessão daquele Forte para fins turísticos, desde que seja salvaguardada a sua preservação e que o museu da ex-prisão política continue aberto.
O presidente da câmara, António José Correia, afirma que a autarquia está disponível para aceitar a utilização de uma parte daquele espaço, sob condição da "preservação da memória da resistência".
A Fortaleza de Peniche é uma das prisões do Estado Novo de onde se conseguiram evadir diversos militantes, entre eles o histórico secretário-geral Álvaro Cunhal, protagonizando um dos episódios mais marcantes do combate àquele regime ditatorial.