“Animadíssimo”, José Eduardo Martins coordenará o programa do PSD para Lisboa

“Há seis anos que ninguém do meu partido me suscitava contributos.” Crítico de Passos Coelho, o advogado não é candidato à câmara.

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José Eduardo Martins é um crítico da actual direcção do PSD ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

A concelhia de Lisboa do PSD escolheu o ex-deputado José Eduardo Martins, um crítico da actual liderança, para coordenar o programa eleitoral autárquico do partido para a câmara da capital, nas eleições locais do próximo ano. Algo que o advogado diz ao PÚBLICO ter aceitado “animadíssimo”.

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A concelhia de Lisboa do PSD escolheu o ex-deputado José Eduardo Martins, um crítico da actual liderança, para coordenar o programa eleitoral autárquico do partido para a câmara da capital, nas eleições locais do próximo ano. Algo que o advogado diz ao PÚBLICO ter aceitado “animadíssimo”.

Desta forma, o PSD afasta, aproximando, o militante que durante algum tempo foi apontado como possível candidato do partido à Câmara de Lisboa. Em Abril, no Congresso do PSD, em Espinho, o ex-ministro José Pedro Aguiar-Branco desafiou Martins e Pedro Duarte, ambos críticos da actual liderança social-democrata, a candidatarem-se, respectivamente, às câmaras de Lisboa e Porto. José Eduardo Martins vai coordenar uma equipa de oito pessoas (falta uma) com quem vai discutir as ideias que tem já na cabeça para Lisboa. “Não vou começar a partilhá-las agora, mas Lisboa é uma cidade onde ainda cabem muitos desejos, muitos”, afirma Eduardo Martins.

O advogado revela que este convite teve um enorme significado, principalmente porque durante seis anos nunca “ninguém” do PSD o chamou para participar em nada. “Sou militante há 32 anos e há seis que ninguém do meu partido me suscitava contributos e estou obviamente agradecido à concelhia de Lisboa pela oportunidade e desejoso de lhes entregar um programa de que possa obter orgulho.”

O agora coordenador do programa eleitoral do PSD para a capital compara Lisboa a uma “senhora que ganhou o Euromilhões [as verbas pagas pelo Governo pelos terrenos do aeroporto] e que não sabe o que fazer com o dinheiro. A partir daí veio um raide de obras sem estratégia e sem sustentabilidade”.

Crítico do actual presidente, o socialista Fernando Medina, “por não ter uma estratégia para a cidade”, José Eduardo Martins insiste na metáfora: “Como a vida tem sido pródiga a exemplificar, não basta ganhar o Euromilhões, é preciso saber o que fazer com ele, senão isto até pode ser uma fonte de infelicidade e de tormentos, como têm sido as obras em Lisboa.”

O desafio que tem a partir de agora pela frente consiste em “coordenar um grupo de pessoas que vai pôr no papel um conjunto de ideias que serão as ideias e o programa do PSD, independentemente dos candidatos. “Eu acho que isso também é uma coisa muito importante e muito saudável, esta ideia de que podemos ter programas sem candidatos.” “Temos de saber resistir à espuma dos dias e fixar doutrina, programa e ideias, foi isso que me propuseram”, declara, assumindo que este desafio o afasta completamente de uma candidatura à Câmara de Lisboa.

O presidente da concelhia, Mauro Xavier, elogia o perfil e currículo de Eduardo Martins, de 46 anos, que foi secretário de Estado nos governos de Durão Barroso (Ambiente) e de Pedro Santana Lopes (Desenvolvimento Regional). O líder do PSD-Lisboa afirma que a “forma de pensar bem como o currículo” de José Eduardo Martins “têm sido um bom exemplo de dedicação à causa pública”.

José Eduardo Martins trabalha no mesmo escritório de advogados que Marques Mendes, em Lisboa. É sócio do escritório Abreu Advogados, onde Marques Mendes é consultor.