Líderes mundiais lamentam a morte de um "grande estadista" e de uma "voz sábia"
Shimon Peres morreu nesta quarta-feira em Telavive, aos 93 anos. Dirigentes de todo o mundo são esperados no funeral, na sexta-feira.
O mundo acordou nesta quarta-feira com a notícia da morte de Shimon Peres, político que foi quase tudo na vida política de Israel e um dos artífices dos, ainda hoje por cumprir, acordos de paz de Oslo de 1993, que lhe valeram no ano seguinte o Nobel da Paz, ao lado de Yitzhak Rabin e de Yasser Arafat. E se em Israel se chora a morte do último da geração dos “pais fundadores” da nação, pelas capitais mundiais, sobretudo entre os aliados ocidentais de Israel, é a sua luta por um acordo com os palestinianos que merece os maiores elogios.
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O mundo acordou nesta quarta-feira com a notícia da morte de Shimon Peres, político que foi quase tudo na vida política de Israel e um dos artífices dos, ainda hoje por cumprir, acordos de paz de Oslo de 1993, que lhe valeram no ano seguinte o Nobel da Paz, ao lado de Yitzhak Rabin e de Yasser Arafat. E se em Israel se chora a morte do último da geração dos “pais fundadores” da nação, pelas capitais mundiais, sobretudo entre os aliados ocidentais de Israel, é a sua luta por um acordo com os palestinianos que merece os maiores elogios.
Peres, que tinha sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) há duas semanas, morreu durante a madrugada num hospital de Telavive, depois de um agravamento do seu estado já na terça-feira. O filho Chemi Peres liderou os tributos a um homem que, afirmou, “serviu o seu povo ainda antes dele ter um país só seu”. “Ele trabalhou incansavelmente por Israel, do primeiro dia do Estado ao último da sua vida. “Como o meu pai costumava dizer – e estou a citá-lo – serás tão grande quanto a causa que servires.”
O funeral de Estado está marcado para sexta-feira, no cemitério de Mount Herzl, em Jerusalém, e o seu corpo ficará em câmara ardente a partir de quinta-feira no Knesset, o Parlamento israelita. Nas cerimónias são esperados muitos dos que lamentaram a sua morte, incluindo o Presidente norte-americano, Barack Obama, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, ou o chefe de Estado francês, François Hollande.
Em contraste, os dirigentes dos países vizinhos de Israel mantiveram-se em silêncio, incluindo os países que, como a Jordânia ou o Egipto, mantêm relações diplomáticas com o Estado hebraico.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel
“Shimon dedicou a vida à independência da nação. Enquanto visionário, olhou sempre para o futuro. Enquanto responsável pela segurança, fortaleceu o poder de Israel de muitas maneiras, algumas das quais continuam ainda hoje desconhecidas. Enquanto homem de paz, trabalhou até ao último dia pela reconciliação com os nossos vizinhos e por um melhor futuro para os nossos filhos.”
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestiniana
“A morte de Shimon Peres é uma dura perda para toda a humanidade, para a paz e para a região.”
Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos
“Serei sempre grato por ter podido chamar Shimon meu amigo”. “Há poucas pessoas com quem tenhamos partilhado o mundo que mudaram o rumo da história humana, não apenas através do seu papel nos acontecimentos, mas porque foram capazes de expandir a nossa imaginação mortal e de forçar-nos a exigir mais de nós. O meu amigo Shimon Peres foi uma dessas pessoas”. “Ele foi a própria essência de Israel – a coragem da luta pela independência, o optimismo que partilhava com a mulher Sonya enquanto faziam o deserto brotar, a perseverança que o levou a ocupar virtualmente todas as posições no Governo ao longo da vida do Estado de Israel.”
François Hollande
“Israel perdeu um dos seus mais ilustres estadistas e a paz perdeu um dos seus mais ardentes defensores, a França um amigo fiel.” “Shimon Peres pertence agora à história, que foi a companheira da sua vida longa.”
Vladimir Putin, Presidente russo
“Tive a oportunidade de me encontrar inúmeras vezes com este homem maravilhoso. De cada vez, admirei a sua coragem, o seu sentido de pátria, a sua sabedoria e visão de longo prazo.”
Papa Francisco
“No momento em que o Estado de Israel chora Shimon Peres, espero que a sua memória e os seus inúmeros anos de serviço nos inspirem a trabalhar com mais celeridade do que nunca a favor da paz e da reconciliação entre os povos. Desta forma a sua herança será verdadeiramente honrada e o bem comum para o qual trabalhou com tanta diligência encontrará novas formas de expressão, ao mesmo tempo que a humanidade se esforçará por avançar no caminho de uma paz durável.”
Bill Clinton, antigo Presidente dos EUA
“Vou sentir a falta de Shimon Peres, o meu brilhante e eloquente amigo. A sua vida foi uma bênção para todos os que lutam pela paz”. “O Médio Oriente perdeu um fervoroso defensor da paz, da reconciliação e de um futuro no qual todos os filhos de Abraão possam construir um amanhã melhor”. “Não esquecerei nunca como ele estava feliz há 23 anos quando assinou os acordos de Oslo nos jardins da Casa Branca, abrindo uma era de esperança nas relações israelo-palestinianas.”
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente português
“Foi com enorme tristeza que recebi a notícia da morte de Shimon Peres, um paladino da paz e da concórdia, valores que sempre o orientaram nos vários cargos políticos que desempenhou no seu país, de que era aliás um dos pais fundadores, prémio Nobel da Paz e defensor da coexistência pacífica dos dois Estados de Israel e da Palestina.”
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU
“Mesmo nas horas mais difíceis, ele permaneceu optimista sobre as perspectivas para a reconciliação e a paz.”
Frank-Walter Steinmeier, ministro dos Negócios Estrangeiros alemão
“Sentiremos todos a falta de Shimon Peres. Hoje choramos uma voz coragem e sábia. O mundo perdeu um grande estadista.”
Tony Blair, antigo primeiro-ministro britânico
“Era um gigante político, um estadista que irá figurar como um dos maiores desta e de qualquer época, e era alguém de quem eu gostava muito”. “O seu intelecto, a sua indiscritível eloquência, a sua compreensão do mundo e de como estava a mudar foi extraordinária. E apesar da idade, o seu espírito nunca envelheceu”. “Acima de tudo, o seu compromisso com a paz e a crença de que isso servia os interesses do país que amava marcam-no como um visionário.”
Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros português
Shimon Peres será “recordado pelo seu compromisso com a paz no Médio Oriente, construída numa solução política e histórica duradoura”. O Governo português espera que o “choque” provocado pelo seu desaparecimento “possa ser uma chamada de atenção para todos e para as responsabilidades de todos na construção do diálogo político necessário para que a solução dos dois Estados possa ser finalmente implantada.
Reuven Rivlin, Presidente de Israel
Peres “foi jovem em espírito” e um “símbolo do grande espírito desta nação.” “Shimon forçou-nos a olhar para longe, a olhar em frente e nós amamo-lo muito.”
Isaac Herzog, líder do Partido Trabalhista israelita
“Um gigante, um líder, um extraordinário estadista deixou-nos. Era o último dos líderes fundadores do país. Um homem que deu uma contribuição imensurável para a segurança de Israel, para o seu posicionamento no mundo, além da curiosidade insaciável de um jovem por todas as inovações e revoluções emergente. A memória dele irá ficar para sempre nas crónicas da história de Israel. Possa essa memória ser abençoada.”
Sami Abu Zouhri, porta-voz do movimento Hamas
“Shimon Peres era um dos últimos fundadores israelitas da ocupação. A sua morte significa o fim de uma época na história da ocupação israelita.” “O povo palestiniano está feliz com a morte deste criminoso.”