Calceteiro lança petição para elevar calçada portuguesa a património mundial

Promotor da iniciativa levou primeiro o documento ao parlamento para conhecimento dos deputados e a petição será lançada online ainda esta semana.

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RG Rui Gaudencio

Fernando Pereira Correia, calceteiro com mais de 40 anos de profissão, revelou à agência Lusa que vai lançar esta semana uma petição online para que a calçada portuguesa seja elevada a Património Imaterial da Humanidade.

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Fernando Pereira Correia, calceteiro com mais de 40 anos de profissão, revelou à agência Lusa que vai lançar esta semana uma petição online para que a calçada portuguesa seja elevada a Património Imaterial da Humanidade.

O promotor da petição apresentou nesta quarta-feira a iniciativa no parlamento, numa audição com os deputados da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, onde fez uma exposição do que considera um "símbolo nacional de grande valor patrimonial".

No final da audição, contactado pela agência Lusa, Fernando Pereira Correia, 53 anos, natural de São João de Tarouca, no distrito de Viseu, indicou que aprendeu o ofício com apenas 13 anos e decidiu tomar esta iniciativa "por amor à calçada portuguesa".

Explicou que levou primeiro o documento ao parlamento para conhecimento dos deputados, mas a petição, que tem Fernando Pereira Correia como único subscritor, será lançada online ainda esta semana para obter mais assinaturas.

"Agora sei que se conseguir 5000 assinaturas posso levar a petição ao parlamento para ser debatida em plenário", disse à Lusa.

Ainda adolescente frequentou um curso de formação de calceteiros na Câmara Municipal de Tarouca, depois trabalhou nesta arte como funcionário público, até aos 26 anos, na Câmara Municipal de Loures, e a partir dessa idade criou a própria empresa.

Sobre o estado da calçada portuguesa em Portugal, considera que "está a deteriorar-se e a ser negligenciada, basta ver casos como a zona de Belém", onde há grande afluência de turistas.

"As calçadas e passeios desfazem-se, estão abandonadas ou são substituídas com cimento ou betão, em vez da calçada original ser restaurada", criticou.

Por outro lado, "também falta formação de calceteiros, e as autarquias ou o Ministério da Educação deveriam fornecer cursos nesta área".

Questionado sobre se a empresa recebe muitas encomendas, respondeu: "felizmente abundam, mas agora há sobretudo pedidos para ser aplicada calçada portuguesa em jardins, moradias, no interior de restaurantes, lojas e até bancos".

A petição deu entrada no parlamento a 7 de Julho deste ano e Fernando Pereira Correia vai agora aguardar uma tomada de posição dos deputados sobre o assunto.

"Hoje disseram-me que a petição era de louvar, que é a primeira no género e o assunto deveria ser alvo de atenção. Mesmo que eu não consiga as 5000 assinaturas, os deputados dizem que o assunto não vai ficar esquecido", indicou.

"A calçada portuguesa faz parte da nossa história, por isso a melhor maneira de a valorizarmos seria dar-lhe este título", sustentou.