Secretária de Estado da Educação recebida por manifestantes em fúria

Alexandra Leitão teve de abandonar Mondim de Basto a alta velocidade.

Foto
Alexandra Leitão deslocou-se a Celorico de Bastos para assinar um acordo de obras com a autarquia Daniel Rocha

A secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, foi recebida esta terça-feira por cerca de 30 manifestantes em fúria pelo encerramento da escola básica do 1.º ciclo da freguesia de Rego, em Celorico de Basto.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, foi recebida esta terça-feira por cerca de 30 manifestantes em fúria pelo encerramento da escola básica do 1.º ciclo da freguesia de Rego, em Celorico de Basto.

A governante deslocou-se à região para assinar mais um pacote de acordos com câmaras municipais com vista à realização de obras nos estabelecimentos do ensino básico e secundário. 

Segundo a Lusa, entre os manifestantes, na maioria pais dos alunos da escola do 1.º ciclo,  encontrava-se o presidente da Câmara de Celorico de Basto, o social-democrata Joaquim Mota e Silva, com quem a governante se encontrou em Mondim de Basto, onde se realizou a cerimónia de assinatura destes acordos. O autarca assinou os acordos e depois foi acompanhar os pais, que se manifestavam no exterior do edifício camarário. A atitude do autarca de Celorico foi já criticada pelo seu homólogo socialista de Mondim de Basto.

Alexandra Leitão tentou evitar os manifestantes, mas segundo o Jornal de Notícias foi surpreendida por alguns deles no parque de estacionamento onde estava guardada a sua viatura, o que obrigou à intervenção da GNR, enquanto os seus  assessores a colocavam rapidamente no carro, que arrancou a alta velocidade.

O gabinete de comunicação do Ministério da Educação confirmou o incidente. Informou também que os pais não pediram para se reunir com a governante nesta terça-feira e que esta já se tinha encontrado com o presidente da Câmara de Celorico, o presidente da Junta de Freguesia do Rego e o representante dos pais no passado dia 16. Motivada pelo encerramento da escola, esta reunião durou "mais de duas horas", acrescentou a tutela.

No final da sessão oficial desta terça-feira, confrontada pela Lusa sobre a manifestação que se realizava no exterior da sala, a secretária de Estado disse conhecer bem os motivos dos protestos, mas atribuiu à autarquia a responsabilidade pela situação em que se encontram cerca de 40 crianças que ainda não tiveram aulas neste ano lectivo.

"A Câmara de Celorico de Basto comprometeu-se há cerca de quatro anos a encerrar algumas escolas e a colocar as crianças no centro escolar de Gandarela para o qual, na altura, teve financiamento público. Esse centro escolar está a funcionar e tem muitas salas vazias. Estamos apenas à espera que a câmara honre o seu compromisso", comentou Alexandra Leitão. "Percebo a posição das pessoas, mas acho que estão a dirigir a sua eventual indignação para o lado errado, porque foi a câmara que se comprometeu a encerrar aquela escola e não o Ministério da Educação", acrescentou.

Alunos sem aulas

Desde o dia 15 que cerca de 40 alunos da escola do 1.ºciclo do ensino básico não frequentam as aulas, depois de os encarregados de educação se terem recusado, naquela data, a transferir os alunos para o Centro Escolar de Gandarela. Os pais protestavam contra a decisão do Governo de encerramento da escola do Rego.

Alegam que o centro escolar está demasiado afastado da sua zona de residência (cerca de 14 quilómetros) e recordam que a escola do Rego é das que apresenta melhores resultados em todo o concelho, não se justificando por isso encerrá-la. Naquele dia foi decidido pelos pais, em articulação com a câmara, que as crianças ficariam na Escola do Rego, acompanhadas por professores colocados pelo município, enquanto a autarquia tentaria demover o Ministério da Educação do encerramento.

A propósito da situação actual dos alunos, a secretária de Estado avisou nesta terça-feira: "As crianças estão no edifício que já não é escola e, neste momento, estão a faltar às aulas. Quarta-feira fará dez dias úteis de ausência às aulas. Quando uma criança falta dez dias seguidos às aulas há mecanismos legais".

"Lamento que a senhora secretária de Estado tenha a posição de sacudir a água do capote, quando a decisão é tomada pelo seu punho", comentou o presidente da autarquia. Joaquim Mota e Silva lamentou que a decisão de encerramento, que disse ser política, tenha origem num Governo apoiado por partidos que sempre se opuseram ao fecho de serviços públicos nos concelhos do interior. "Não se percebe como é que não tenha havido vontade política para manter uma comunidade educativa que tem sido um exemplo de funcionamento", defendeu.

Sobre a situação em que se encontram as crianças, Joaquim Mota e Silva afirmou: "Se os alunos não estão a estudar, isso é responsabilidade do Governo e as pessoas têm que assumir as responsabilidades". 

Em Abril passado, Alexandra Leitão tinha tido uma prova de choque com outros manifestantes, dessa vez de colégios com contratos de associação, que rodearam o carro da governante, na Mealhada, em protesto contra o corte de financiamento  aqueles estabelecimentos. Um militar da GNR sofreu na altura ferimentos ligeiros quando protegia a secretária de Estado Adjunta e da Educação. 

Notícia corrigida às 19h40. Manifestação foi em Mondim de Basto e não na freguesia do Rego.