Os Mirós finalmente a contas com o público
Enfim expostas em Serralves, as 85 obras de Miró ainda não estão livres das polémicas que as rodearam.
Era prematuro falar do assunto, pelo menos é o que dizem do Ministério da Cultura, mas António Costa falou: a colecção Miró vai ficar definitivamente no Porto. Onde? Ninguém sabe ou ninguém diz. O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, já dissera taxativamente em Julho, numa entrevista dada ao PÚBLICO, que era desejo da tutela que as obras (85, no total) ficassem no Porto. Mas também deixou claro que, apesar de já estar então previsto expô-las em Serralves (exposição que é inaugurada na próxima sexta-feira, com o título Joan Miró: Materialidade e metamorfose), “não é objectivo de Serralves ficar com os Mirós”. Voltamos então ao início: onde ficarão? Se seguirem o conselho de Álvaro Siza Vieira, “os Mirós ficam bem não importa onde”. Mas mesmo assim é preciso procurar o “onde”, e nessa procura andará a Câmara do Porto, falando-se já em possíveis locais para a sua instalação. E enquanto se invocam “sinergias”, palavra muito em voga para não expor de imediato soluções claras, há quem fale na hipótese de um local construído de raiz ou quem diga que Serralves ainda pode ter uma palavra sobre o assunto. Ponto assente é que fique no Porto, mas nem isto é isento de polémica. Para além dos que, já há muito tempo, vinham defendendo que a colecção podia ficar no Museu do Chiado (o que não sucedeu nem sucederá), Nuno Vassalo e Silva, do Museu Gulbenkian, apelida de “visão provinciana” o querer que os Mirós fiquem no Porto a todo o custo, aplaudindo embora a sua exposição em Serralves. Já João Fernandes, hoje mais defensor da colecção do que no passado, preocupa-se sobretudo que ela seja “apresentada em boas condições.” Propriedade do Estado após o estouro do BPN e avaliadas em 36 milhões de euros, resta saber se a sua exposição compensará, do ponto de vista cultural mas também material, aquilo de que Portugal abdicou com a sua venda. Governo e Ministério terão de responder a isto.
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Era prematuro falar do assunto, pelo menos é o que dizem do Ministério da Cultura, mas António Costa falou: a colecção Miró vai ficar definitivamente no Porto. Onde? Ninguém sabe ou ninguém diz. O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, já dissera taxativamente em Julho, numa entrevista dada ao PÚBLICO, que era desejo da tutela que as obras (85, no total) ficassem no Porto. Mas também deixou claro que, apesar de já estar então previsto expô-las em Serralves (exposição que é inaugurada na próxima sexta-feira, com o título Joan Miró: Materialidade e metamorfose), “não é objectivo de Serralves ficar com os Mirós”. Voltamos então ao início: onde ficarão? Se seguirem o conselho de Álvaro Siza Vieira, “os Mirós ficam bem não importa onde”. Mas mesmo assim é preciso procurar o “onde”, e nessa procura andará a Câmara do Porto, falando-se já em possíveis locais para a sua instalação. E enquanto se invocam “sinergias”, palavra muito em voga para não expor de imediato soluções claras, há quem fale na hipótese de um local construído de raiz ou quem diga que Serralves ainda pode ter uma palavra sobre o assunto. Ponto assente é que fique no Porto, mas nem isto é isento de polémica. Para além dos que, já há muito tempo, vinham defendendo que a colecção podia ficar no Museu do Chiado (o que não sucedeu nem sucederá), Nuno Vassalo e Silva, do Museu Gulbenkian, apelida de “visão provinciana” o querer que os Mirós fiquem no Porto a todo o custo, aplaudindo embora a sua exposição em Serralves. Já João Fernandes, hoje mais defensor da colecção do que no passado, preocupa-se sobretudo que ela seja “apresentada em boas condições.” Propriedade do Estado após o estouro do BPN e avaliadas em 36 milhões de euros, resta saber se a sua exposição compensará, do ponto de vista cultural mas também material, aquilo de que Portugal abdicou com a sua venda. Governo e Ministério terão de responder a isto.