Chumbar não ajuda os alunos a melhorar resultados
Segundo um estudo desenvolvido em sete países, os alunos que frequentam o 9.º ano por terem chumbado apresentam piores resultados em todos os domínios do que os seus colegas que também frequentam o 9.º ano, mas que nunca chumbaram.
Um estudo desenvolvido pelo projeto aQeduto revela que os alunos repetentes do 9.º ano têm piores resultados do que aqueles que nunca chumbaram, apresentando Portugal com uma taxa de retenção de 34%, relativamente a 4% da Finlândia.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Um estudo desenvolvido pelo projeto aQeduto revela que os alunos repetentes do 9.º ano têm piores resultados do que aqueles que nunca chumbaram, apresentando Portugal com uma taxa de retenção de 34%, relativamente a 4% da Finlândia.
A partir de uma amostra de sete países (Holanda, Luxemburgo, Espanha, Irlanda, Dinamarca, Portugal e Finlândia), os autores do trabalho concluem que chumbar "não parece contribuir" para que os alunos melhorem as suas aprendizagens em nenhum dos domínios avaliados: matemática, leitura e ciências.
"Na generalidade dos países, incluindo Portugal, os alunos que frequentam o 9.º ano por terem chumbado apresentam piores resultados em todos os domínios do que os seus pares que também frequentam o 9.º ano, mas que nunca chumbaram", lê-se no documento, discutido nesta segunda-feira no Conselho Nacional de Educação (CNE), em Lisboa.
Porém, há diferenças entre os sistemas de ensino dos vários países. Na Holanda, por exemplo, os alunos que chumbaram (28%) não estão um ano atrasados, sendo-lhes permitido continuarem o seu percurso entre os colegas da mesma idade. O Luxemburgo adopta uma política semelhante.
Num plano mais alargado, que inclui também a República Checa, França, Suécia, Dinamarca, Irlanda e Polónia, é a Finlândia que tem a menor carga de trabalho fora da escola (incluindo trabalhos de casa, explicações e trabalhos de pesquisa).
No entanto, é aos alunos mais fracos que se exige "um pouco mais de esforço". Do mesmo modo, a República Checa, a Dinamarca, a Suécia e a Polónia "tendem a exigir mais trabalho aos alunos com piores resultados". Nos restantes países, entre os quais Portugal, são os melhores alunos que mais trabalham fora do horário escolar.
"Em Portugal, os alunos muito bons trabalham cerca de três horas semanais a mais, a maior diferença entre os países observados", sublinham os autores do estudo.
Foram usados dados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) de 2012 para este trabalho, que será discutido sob o tema Números, letras ou tubos de ensaio?, numa sessão que terá a participação do presidente do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), Hélder Sousa.
O projecto aQeduto: avaliação, equidade e qualidade em educação resulta de uma parceria entre o Conselho Nacional de Educação e a Fundação Francisco Manuel dos Santos.