Quercus quer Governo a intervir no armazenamento de resíduos nucleares em Almaraz
A funcionar desde o início dos anos 80, central deveria ter encerrado em Junho de 2010.
A Quercus considerou este sábado "inadmissível" a decisão tomada pelo Conselho de Segurança Nuclear espanhol ao dar parecer favorável à construção de um armazém para resíduos nucleares em Almaraz e exige uma intervenção imediata do Governo português.
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A Quercus considerou este sábado "inadmissível" a decisão tomada pelo Conselho de Segurança Nuclear espanhol ao dar parecer favorável à construção de um armazém para resíduos nucleares em Almaraz e exige uma intervenção imediata do Governo português.
Em comunicado, a associação ambientalista diz que a decisão tomada pelo Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol "é inadmissível, uma vez que abre a porta a um novo prolongamento do prazo de vida da central nuclear de Almaraz, que já deveria ter encerrado em 2010".
O Conselho de Segurança Nuclear (CSN) de Espanha deu esta semana parecer favorável para a construção da ATI, que permitirá à central depositar resíduos de elevado nível radioactivo gerados pela central a partir de 2018. Os ambientalistas explicam que a central de Almaraz, a funcionar desde o início dos anos 80, acabou por não encerrar na data prevista (Junho de 2010), devido ao facto de o governo espanhol ter, contrariamente às anteriores intenções, prolongado o seu prazo de funcionamento por 10 anos, até Junho de 2020.
À Lusa, Nuno Sequeira, da Quercus, disse que espera que o projecto de resolução sobre o encerramento de Almaraz, aprovado por unanimidade na Assembleia da República, e a jornada de mobilização ibérica que decorreu em Junho, na cidade espanhola de Cáceres, faça o Governo actuar. "Espero, de uma vez por todas, que o governo português abandone a passividade e a inacção e tome a iniciativa de, junto das autoridades espanholas, solicitar esclarecimentos sobre esta situação, exigindo o encerramento imediato da central nuclear de Almaraz", sustentou.
O ambientalista alertou ainda para o facto de Portugal poder vir a ser afectado, caso ocorra um acidente grave, quer por contaminação das águas, uma vez que a central se situa numa albufeira afluente do rio Tejo, quer por contaminação atmosférica, pela grande proximidade geográfica existente. "Para além disto, Portugal não revela estar minimamente preparado para lidar com um cenário deste tipo, pelo que a acontecer um acidente grave, isso traria certamente sérios impactes imediatos para toda a zona fronteiriça, em especial para os distritos de Castelo Branco e Portalegre", frisou.
A Quercus sublinha que, além dos problemas mais recentes que afectaram a central nuclear de Almaraz, de que são exemplo a existência de peças defeituosas nos seus geradores de vapor, recorda que esta, "tem tido outros incidentes com regularidade, existindo situações em que já foram medidos níveis de radioactividade superiores ao permitido".
Os ambientalistas exigem, uma vez mais, que o governo espanhol cumpra com as suas promessas de abandono gradual da energia nuclear e tome a decisão de encerrar imediatamente Almaraz.
A funcionar desde o início da década de 1980, a central está situada junto ao Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.