Central de Almaraz vai ter um cemitério de resíduos nucleares a partir de 2018

A capacidade de armazenamento dos resíduos nucleares da central estará saturada em Agosto de 2017 no reactor I e em Dezembro de 2019 no reactor II.

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A polémica que tem suscitado desde 2011 a instalação de um sistema de armazenamento temporário centralizado (ATC) de resíduos nucleares no ayuntamento de Villar de Cañas, na província de Cuenca e na comunidade autónoma de Castilla-La Mancha, forçou à decisão de construir um armazenamento individualizado (ATI) na central nuclear de Almaraz. A informação foi avançada na quinta-feira pela agência Europa Press e adianta que Conselho de Segurança Nuclear (CSN) “deu parecer favorável” ao projecto apresentado pela parceria Iberdrola Generación, S.A., Endesa Generación, S.A. e Gas Natural, S.A., que explora Almaraz, para executar e montar o ATI.

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A polémica que tem suscitado desde 2011 a instalação de um sistema de armazenamento temporário centralizado (ATC) de resíduos nucleares no ayuntamento de Villar de Cañas, na província de Cuenca e na comunidade autónoma de Castilla-La Mancha, forçou à decisão de construir um armazenamento individualizado (ATI) na central nuclear de Almaraz. A informação foi avançada na quinta-feira pela agência Europa Press e adianta que Conselho de Segurança Nuclear (CSN) “deu parecer favorável” ao projecto apresentado pela parceria Iberdrola Generación, S.A., Endesa Generación, S.A. e Gas Natural, S.A., que explora Almaraz, para executar e montar o ATI.

O “cemitério” de resíduos nucleares ocupará uma superfície de 2650 metros quadrados, dentro do perímetro afecto à central de Almaraz, e servirá para acondicionar o combustível consumido pelos reactores I e II “até à sua eventual transferência para o ATC”, que está projectado para Villar de Cañas. 

A Europa Press adianta que a autorização tem associada as seguintes condições: a construção do ATI deve respeitar “os termos e limites específicos das fontes radiológicas, conter medidas de protecção contra incêndios e cumprir as normas da Nuclear Regulatory Commission aplicadas nos Estados Unidos da América”. Antes de se iniciarem os trabalhos de construção do depósito de resíduos nucleares, “deverão ser analisados aspectos como a utilização de materiais de acordo com a norma espanhola, tais como o uso de betão estrutural de acordo com os requisitos regulamentados para garantir que se utiliza material que cumpre as normas estabelecidas”. 

Será ainda necessário efectuar estudos relativos a interligação do solo com a estrutura de betão e sobre os materiais utilizados na construção do ATI e ainda deve ser analisado o percurso do que é transportado, bem como as operações de manuseamento do combustível dentro das instalações que vão ser construídas.

O parecer técnico apresentado pela empresa sustenta que a instalação de um depósito de resíduos nucleares em Almaraz resulta do atraso que se verifica na construção do ATC em Villar de Cañas que “não vai estar disponível na data prevista” para o armazenamento do combustível consumido nos oito reactores nucleares existentes em Espanha. A construção de um ATI em Almaraz é apresentada como uma  “solução transitória”, refere a Europa Press, frisando que o combustível consumido em Almaraz está “neste momento armazenado em piscinas com água” situadas nas instalações da central.

Por sua vez, o parecer técnico que integra a decisão da CSN sobre a construção do ATI – que deverá estar pronto no primeiro semestre de 2018 – justifica a necessidade de o construir por não ter sido possível fazer no prazo previsto, que terminava este ano 2016, o ATC em Villar de Cañas. Isto significa que, se a central não tiver onde armazenar o combustível, Almaraz não poderá dar continuidade à produção de energia. Com efeito, a capacidade de armazenamento destas piscinas, nesta central nuclear, estará saturada no reactor I em Agosto de 2017 e no reactor II em Dezembro de 2019.

O ATI consiste num depósito de betão, num local da central mais afastado do reactor, onde irão ser depositados os resíduos do combustível consumido. O estudo técnico refere que o ATI terá uma base de betão armado anti-sísmica sobre a qual serão colocadas verticalmente, alinhados em duas filas, até 20 contentores carregados com o combustível consumido. Esta base estará rodeada por um muro construído também em betão armado fechado em todo o perímetro, que “terá como finalidade reduzir a exposição da radiação directa emitida pelos contentores”, assinala a Europa Press.  

Apesar de o estudo técnico elaborado pelo CSN ser favorável ao pedido de Almaraz, os técnicos consideram que a empresa responsável pela exploração da central “deverá fornecer uma análise de riscos a que poderão estar sujeitas as unidades industriais, transportes e instalações militares que operam nas proximidades do local, assim como completar a caracterização hidrogeológica da zona”, acentua a agência noticiosa.  

O contencioso à volta da construção do ATC acaba entretanto de sofrer um novo revés: o presidente da comunidade autónoma de Castilla-La Mancha, Emiliano García-Page, bloqueou o futuro “cemitério nuclear” que o Governo espanhol quer instalar na província de Cuenca no município de Villar de Cañas. O executivo regional decidiu ampliar a zona especial de protecção para as aves actual, que tem cerca de 1000 hectares, para os 25.000 hectares de forma a cobrir os terrenos que o Governo espanhol pretende reservar para instalar o armazenamento centralizado de resíduos nucleares.