Galiza? Venha ela
Imaginam a língua de Castelao ou Rosalía aplainada?
Foi no dia 15 de Setembro que um deputado do PSOE se abeirou de António Costa e lhe entregou uma carta. Não continha nenhum segredo, mas sim um pedido. Que intercedesse pela adesão da Galiza à CPLP. O PSOE, disse o deputado, iria ganhar as eleições autonómicas e queria muito, sendo governo, "trabalhar com Portugal". Tirando o facto de o PSOE estar em vertiginosa queda em Espanha, esse desejo é já muito antigo. E é alimentado quer em Portugal quer na Galiza, por grupos distintos.
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Foi no dia 15 de Setembro que um deputado do PSOE se abeirou de António Costa e lhe entregou uma carta. Não continha nenhum segredo, mas sim um pedido. Que intercedesse pela adesão da Galiza à CPLP. O PSOE, disse o deputado, iria ganhar as eleições autonómicas e queria muito, sendo governo, "trabalhar com Portugal". Tirando o facto de o PSOE estar em vertiginosa queda em Espanha, esse desejo é já muito antigo. E é alimentado quer em Portugal quer na Galiza, por grupos distintos.
Ninguém duvida que a história e a cultura (nesta se incluindo a língua) nos aproximam da Galiza, e que isso tem, ao longo dos tempos, criado laços imorredouros. Mas a CPLP, tal com o nome indica, é uma comunidade de países e a Galiza é uma comunidade autónoma espanhola. Ignora-se isto? Altera-se para CPPLP, passando a Comunidade de Países e Povos?
Mesmo assim, resta a questão da língua, outra discussão antiga. Embora foneticamente e graficamente seja muito próxima do português de Portugal (e nela nos irmanamos), a língua galega orgulha-se, com razão, da sua identidade. Mas há quem pretenda, vejam só, a aplicação na Galiza do acordo ortográfico de 1990 (aliás, o "grupo excursionista" dos arautos do AO costuma ter uma participação galega), a pretexto de que ali se fala português. Isto tem oposto acerrimamente defensores do Português e do Galego, sem grande proveito. Se alinharmos várias palavras da Língua Galega veremos que, para passarem a Português, basta mudar uma ou duas letras. Por exemplo: imaxes, proxectos, xeración, xeografías, paisaxe, xénese, subxectividade, estratéxico, misóxino, simboloxía, xa, paxariño (onde o x substitui o g ou o j). Mas há diferenças mais acentuadas, como moi por muito ou unha por uma. Apesar disso, o fantasma da uniformização gráfica paira sobre a Galiza, e isso só pode entristecer quem a preza. Imaginam a língua de Castelao ou Rosalía aplainada?
Quanto ao resto, até para contrabalançar parceiros inenarráveis como a Guiné Equatorial, que venha a Galiza!