O último casal-estrela separou-se e não há ninguém para lhe suceder

Angelina Jolie pediu o divórcio a Brad Pitt, depois de 12 anos juntos. Formavam o casal mais poderoso e mais popular de Hollywood da última década. Um casal transgeracional.

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A história de Angelina Jolie e Brad Pitt começou, como tantas outras, na indústria cinematográfica, numa rodagem de um filme, Mr. e Mrs. Smith. Mas, a partir daí, tudo deixou de ser banal. Ele, actor, produtor e activista. Ela, actriz, realizadora e activista. Qualquer um deles atraía interesse para os seus projectos. Depois de se juntarem, criou-se uma mística em torno da relação, das suas aparições públicas, do seu envolvimento social. No início desta semana, a notícia da separação tornou-se assunto e as atenções viraram-se para “o divórcio do ano”. Por alguns minutos, a actualidade ficou em segundo plano — o fascínio é transgeracional e o mundo perdeu o seu actual casal-modelo em Hollywood.

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A história de Angelina Jolie e Brad Pitt começou, como tantas outras, na indústria cinematográfica, numa rodagem de um filme, Mr. e Mrs. Smith. Mas, a partir daí, tudo deixou de ser banal. Ele, actor, produtor e activista. Ela, actriz, realizadora e activista. Qualquer um deles atraía interesse para os seus projectos. Depois de se juntarem, criou-se uma mística em torno da relação, das suas aparições públicas, do seu envolvimento social. No início desta semana, a notícia da separação tornou-se assunto e as atenções viraram-se para “o divórcio do ano”. Por alguns minutos, a actualidade ficou em segundo plano — o fascínio é transgeracional e o mundo perdeu o seu actual casal-modelo em Hollywood.

Brad Pitt, de 52 anos, e Angelina Jolie, 41, conheceram-se em 2004, quando interpretavam um casal de agentes secretos cuja derradeira missão era matarem-se um ao outro. Pitt, na altura casado com Jennifer Aniston, divorciou-se e a confirmação oficial de que estava com Jolie surgiu apenas em 2006, com um anúncio da gravidez da actriz (Shiloh foi a primeira filha biológica; o casal tem hoje seis filhos, mais dois biológicos, os gémeos Vivienne e Knox, e três adoptados, Maddox, Zahara e Pax, entre os oito e os 15 anos). O fenómeno “Brangelina” — pioneiro na aglutinação dos primeiros nomes, Brad e Angelina, que viria a ser habitual na imprensa para falar de relacionamentos entre celebridades — estava criado. Não representam o ideal de estrela de cinema num pedestal intocável; são estrelas humanizadas.

A sua relação (e o fim) é comparável apenas com a de Richard Burton e Elizabeth Taylor ou Humphrey Bogart e Lauren Bacall, diz o Los Angeles Times. A revista online Slate compara-os a Marco António e Cleópatra ou a Adão e Eva. “Os dois elevam-se sobre outros que podem ter esperança em se auto-intitular casais poderosos com as suas referências espectaculares: são ambos bonitos e actores de topo, estrelas de Hollywood numa era pós-estrelas”, escreve a Slate.

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Numa era em que surgem celebridades nas redes sociais, como é o caso da socialite Kim Kardashian, do reality show Keeping Up With The Kardashians, ou da sua meia-irmã e modelo Kendall Jenner, e em que o número de seguidores é o que mais conta para se ser influente — Kardashian tem 83,2 milhões de seguidores no Instagram; Jenner tem 65,2 milhões —, Brangelina manteve uma aura à volta da sua relação, um casal que conseguiu trazer o glamour do velho Hollywood. “Agora, numa altura em que muitos casais são Kardashians, é uma era diferente de celebridades. Podemos ligar-nos a qualquer altura do dia e ver o que Kanye [West] e Kim [Kardashian] andam a fazer. Havia uma janela limitada para a vida do casal Brangelina. Havia mistério e mística”, atesta ao Los Angeles Times Vanessa Diaz, professora assistente na Universidade Estadual da Califórnia e especialista em cultura pop. Esta mística funcionava, então, como factor de fascínio para a vida deste casal cujo poder transcende Hollywood: desde o início da relação, Jolie e Pitt ganharam, em conjunto, 555 milhões de dólares, cerca de 497,8 milhões de euros; desde o casamento, em 2014, acumularam 117,5 milhões de dólares (105,4 milhões de euros), estima a revista Forbes.

Com uma vida para lá da representação, tornaram-se respeitados, conhecidos por todas as gerações e decidiram, por si, o que tornar público e quando o tornar público — à vida de actores juntaram o activismo (Jolie é enviada especial do alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), a Fundação Jolie-Pitt (com um compromisso de segurança ambiental, de criar paz e estabilidade em todas as comunidades, um pouco por todo o mundo), a produção (Brad Pitt produziu, entre outros, A Queda de Wall Street, 12 Anos Escravo ou A Árvore da Vida), a realização (Angelina Jolie realizou cinco filmes, o último foi Junto ao Mar). Em 2013, Angelina Jolie revelou numa carta aberta no New York Times que fez uma dupla mastectomia e, dois anos depois, que retirou os ovários como forma de prevenção do cancro, por ser portadora de mutações hereditárias num gene, chamando à atenção para o cancro da mama e transformando-se num exemplo para muitas mulheres. 

“Os romances mais lendários de Hollywood nunca são os que perduram”, escreve o site Vox, que compara, uma vez mais, a relação Brad Pitt e Angelina Jolie com o romance (atribulado) de Elizabeth Taylor e Richard Burton — dois casamentos e dois divórcios e muitos anos volvidos, mas Hollywood lembra-os, ainda hoje, como um dos casais mais poderosos de sempre. Ambos eram estrelas e tornaram-se uma entidade, tal como Brangelina, para valores familiares, estabilidade e poder. O blogger WD Fyfe resume, no Vox: “Liz e Dick [como ficaram conhecidos] eram celebridades sem sequer tentar; chamar-lhes realeza de Hollywood diminui a sua importância. Numa altura antes dos mexericos de celebridades, eles faziam notícia — ao lado de Kennedy, [Nikita] Khrustchov e [Fidel] Castro.”

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A decisão do divórcio foi tomada “em nome da saúde da família”, referiu um dos advogados de Angelina Jolie, num primeiro comunicado. “Divergências irreconciliáveis” ditaram o fim do casamento diz o site TMZ, o primeiro a dar a notícia, avançando que terá sido o consumo de drogas e álcool de Pitt e o seu comportamento junto dos seis filhos do casal que motivaram a separação.

Adele, no seu concerto na última terça-feira no Madison Square Garden, em Nova Iorque, falou da ruptura como “o fim de uma era” e dedicou as suas músicas ao agora ex-casal. O Museu de cera Madame Tussauds em Londres separou as figuras dos dois actores, criadas em 2013. Na Internet — entre os gifs animados de uma Jennifer Aniston sorridente e vingativa face à notícia (imagem que foi capa do tablóide New York Post na última quarta-feira) e dos fotogramas do filme Mr. e Mrs. Smith — anuncia-se o fim do amor. Numa coluna de opinião no Guardian, Mary Valle escreve “[Os] Jolie-Pitts ostentavam a bandeira do amor, da família e do compromisso para a humanidade e para todos nós.” E questiona: “O que fazemos agora?” O fim do casal Brangelina levanta, então, a questão: quem sobe ao pódio para substituir Angelina Jolie e Brad Pitt como o casal mais influente e poderoso? 

A Slate elaborou um ranking com os dez casais mais poderosos “para um mundo pós-Brangelina” mas não seleccionou personalidades exclusivamente do mundo do cinema — em Hollywood não há quem lhes possa suceder. Em primeiro lugar, coloca o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a mulher, Michelle Obama; em segundo, um dos casais mais mediáticos da indústria musical, Beyoncé e Jay-Z, e, no último lugar do pódio, Kim Kardashian e Kanye West, “pela forma como personificam a fama moderna”. Na mesma lista ecléctica estão George Clooney (o actor, amigo da família Jolie-Pitt soube do divórcio por um jornalista da CNN, à saída de uma reunião nas Nações Unidas a propósito da crise de refugiados e expressou a sua surpresa) e Amal Alamuddin; o casal de actores Michael Fassbender e Alicia Vikander, recém-formado, ou Blake Lively e Ryan Reynolds.

Laura Wasser, a “especialista” 

Não é fácil representar uma estrela de cinema ou um artista mundialmente reconhecido num processo de divórcio que será, à partida, extrapolado na imprensa. Além da sua equipa de advogados, Angelina Jolie contratou uma especialista em divórcios. Chama-se Laura Wasser, entende o divórcio como um “negócio de transacção” e já representou Johnny Depp, Stevie Wonder, Heidi Klum ou Kim Kardashian.

Wasser é “a solução completa para os divórcios em Hollywood”, escreve a Bloomberg. A norte-americana de 48 anos trabalha na firma de advogados do pai, Wasser, Cooperman & Mandles, especializada em ajudar multimilionários, atletas ou celebridades em casamentos ou divórcios, e o primeiro divórcio de que tratou foi o seu próprio. Em 2001 representou, em conjunto com um colega, Stevie Wonder. Foi com o divórcio de Britney Spears, três anos depois, que resolveu especializar-se em divórcios de personalidades famosas.

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No caso Jolie-Pitt, os papéis do divórcio chegaram ao site de celebridades TMZ  antes da confirmação oficial — Wasser, sediada em Los Angeles, está habituada às fugas de informação para tablóides. Além das questões monetárias, neste divórcio, Laura Wasser terá de lidar com o pedido de custódia total dos seis filhos por parte de Angelina Jolie, dando apenas direitos de visita a Brad Pitt.

A advogada cobra 850 dólares à hora (756 euros), exige um depósito de 25 mil dólares (22,2 mil euros) e, segundo a Bloomberg, raramente representa clientes com menos de 10 milhões de dólares na conta bancária. Em 2013, lançou o livro It Doesn’t Have To Be that Way: How to Divorce without Destroying Your Family or Bankrupting Yourself (Não tem de ser assim: como divorciar-se sem destruir a família ou abrir falência, numa tradução livre).