Um português à conquista do Japão

David Amador é provavelmente um dos mais antigos profissionais da nossa indústria. Em 2013, praticamente sozinho, começou a preparar um videojogo inspirado no género "roguelike" e em clássicos da sua infância. Dessa mistura de ideias surgiu "Quest of Dungeons"

Foto
DR

Estava no Microsoft Game Dev Camp e, no meio de tantos ilustres convidados, lá andava David Amador. O homem que praticamente sozinho anda a desbravar território na nossa indústria. Meio olho no evento em Portugal, meio olho no Japão. A razão era simples. O seu jogo, "Quest of Dungeons", estava a ser apresentado no Tokyo Game Show para a Nintendo 3DS.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Estava no Microsoft Game Dev Camp e, no meio de tantos ilustres convidados, lá andava David Amador. O homem que praticamente sozinho anda a desbravar território na nossa indústria. Meio olho no evento em Portugal, meio olho no Japão. A razão era simples. O seu jogo, "Quest of Dungeons", estava a ser apresentado no Tokyo Game Show para a Nintendo 3DS.

David Amador é provavelmente um dos mais antigos profissionais da nossa indústria. Alentejano de origem, começou a trabalhar nesta área ainda antes de acabar a universidade. Programador por opção, curiosamente no início estava mais interessado em modelar em 3D. "Quando comecei nesta indústria, queria modelar em 3D, mas quando meti as mãos no programa vi que aquilo não era para mim", recorda. Seguiu-se uma passagem no estúdio Spellcaster, onde trabalhou durante alguns anos até, por fim, ingressar na equipa do Sapo, como "apps developer". Porém, nunca desistiu de fazer jogos. Mesmo em "part-time", continuou a produzir. No seu portefólio contam "Puwang", "Anadea", e "Vizati". Este último vencedor do Microsoft Pizza Night de 2010.

Em 2013, praticamente sozinho, começou a preparar um videojogo inspirado no género "roguelike" e em clássicos da sua infância, como "The Legend of Zelda". Dessa mistura de ideias surgiu "Quest of Dungeons". Um jogo em pixel art, com um título irónico, e algumas pitadas de humor negro.

No início, Amador tinha uma ideia diferente para o seu título. "Pensei no jogo mais virado para o mercado "mobile", e só depois para computador. Como achei que iria demorar imenso tempo a ser aprovado na loja do Steam, meti-me antecipadamente no sistema de aprovação Greenlight, com ideia, que demoraria meses. Mas, no fim, foram precisos só seis dias. E isso apanhou-me mesmo desprevenido". Depois veio a pressão: "De repente, tinha um prazo! O jogo tinha de estar pronto numa data. Trabalhei literalmente até à exaustão. Trabalhei tanto, que acabei num hospital. Aprendi uma valente lição". Quando, finalmente, foi lançado, as críticas foram amplamente positivas.

Mais tarde, o jogo foi lançado nas lojas "mobile" habituais, e na Humble Store, onde fez parte dum "humble bundle" semanal. Em 2015, apareceu uma versão para a consola da Microsoft — a Xbox One. Uma estreia para Amador: "Fazer versões para consolas é outro nível, mudou a forma como trabalho. Especialmente nos testes de qualidade". Novamente, todos estes lançamentos tiveram críticas maioritariamente positivas.

Este ano, Amador prepara o lançamento do seu jogo para as consolas da Nintendo. Tanto na portátil 3DS, como na doméstica Wii U. Para sua surpresa, uma editora japonesa fez-lhe uma proposta para lançar o "Quest of Dungeons" no Japão. Amador aceitou. E agora o videojogo esteve na Tokyo Game Show, onde os visitantes puderam experimentá-lo na sua versão 3DS. Expectactivas? Muitas. "Nunca experimentei lançar no Japão. É mais uma vez, uma estreia. Espero que corra tudo bem, e que o público japonês aprecie o meu jogo."

"Quest of Dungeons" tem lançamento mundial para Wii U e 3DS no dia 29 de Setembro. Boa sorte, David Amador!