À procura de um emprego no cinema ou nos videojogos em Tróia

Festival Trojan Horse was an Unicorn começa com feira de recrutamento e prossegue até sábado com conferências de alguns dos maiores nomes da indústria.

Foto
A 4.ª edição do THU, que reúne 600 artistas de animação, videojogos, ilustração ou concept art Enric Vives-Rubio

O cenário é o do costume no Trojan Horse was an Unicorn (THU): rodas de homens e mulheres, jovens ou menos jovens, a desenhar ou a folhear em conjunto os seus portefólios cuidadosamente organizados. A 4.ª edição do THU, que reúne 600 artistas de animação, videojogos, ilustração ou concept art, começou na segunda-feira com uma feira de recrutamento cheia de conselhos e algumas perspectivas de emprego em estúdios como a Disney, a Industrial Light and Magic ou em produtores de jogos como a Ubisoft.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O cenário é o do costume no Trojan Horse was an Unicorn (THU): rodas de homens e mulheres, jovens ou menos jovens, a desenhar ou a folhear em conjunto os seus portefólios cuidadosamente organizados. A 4.ª edição do THU, que reúne 600 artistas de animação, videojogos, ilustração ou concept art, começou na segunda-feira com uma feira de recrutamento cheia de conselhos e algumas perspectivas de emprego em estúdios como a Disney, a Industrial Light and Magic ou em produtores de jogos como a Ubisoft.

As conferências que movimentarão os participantes vindos de 50 países só começam esta quarta-feira, mas para muitos a presença das 13 empresas que vêm a Tróia à caça de novos talentos era o chamariz. É o caso de Nadia Enis, alemã de 32 anos, que acabou de sair de uma ronda de encontros curtos com algumas das empresas – entre as quais a Disney, muito satisfeita com a candidata, mas que não fala à imprensa. É concept artist para videojogos, trabalha como freelance e “achava que estas entrevistas seriam como ultrapassar o primeiro obstáculo para uma entrevista de emprego”.

Não foi bem assim, mas nesta terça-feira soalheira está satisfeita. Em 2015, foi a outro festival e “foi a escolha errada". "Todos os que me interessavam estavam aqui”, explica Nadia Enis. O THU “tem muito hype”, confirma à porta da sala em que todas as empresas recebem em simultâneo os diferentes candidatos. Os estandartes pendem do tecto a identificar cada núcleo e chegam a passar por cada recrutador 30 a 40 potenciais trabalhadores por dia. Enis não saiu com um emprego em vista, ficou com a sensação de que “só algumas das empresas que vêm ao THU têm de facto vagas para preencher”, mas diz que muitos inscritos mais jovens beneficiarão dos “conselhos e orientação” de alguns dos mais importantes nomes do sector.

A King, a empresa de jogos para telemóveis que criou o fenómeno Candy Crush, tem “tentado muitos modelos de recrutamento” e tinha “expectativas altas porque o evento é muito conhecido, os melhores artistas vêm cá”, explica Kiki Olofsson, a directora de arte da empresa estreante no THU e que veio para “tornar a King mais visível como marca na comunidade artística global”. O evento serve ambas as partes.

“Estamos tão contentes”, diz a sueca, “conhecemos tantos artistas talentosos” para as 10 a 15 vagas que têm para preencher. O passo seguinte é retomar o contacto com os melhores candidatos, entre os quais alguns portugueses – este ano são muitos mais, em contraste com a minoria nacional desde 2013, mas a maioria é alemã, com muitos espanhóis e britânicos presentes. Para aceder à feira, que termina esta quarta-feira, só com o passe para o festival (esgotado), ou com o passe THU TV (cerca de 350 bilhetes), que permite aceder às conferências e sessões do evento.

Os 600 participantes trabalham, ou querem trabalhar, na comunidade que é listada nas fichas técnicas dos produtos de cultura popular, e que constrói edifícios virtuais, naves do futuro, heroínas inspiradoras ou tesouros escondidos num ecrã de smartphone.

Em cima da mesa da Blur, responsável pelos efeitos visuais do filme Deadpool, há uma fila de cartões de visita. São eles que vão receber um email ou telefonema, parte da “próxima geração de artistas” que a empresa de Los Angeles busca. Concept artists, modeladores de personagens, são “inspiradores”, diz o recrutador Jérôme Denjean, porque aparecem “cheios de vontade, entusiasmados”.

O encontro entre empresas e artistas começou com o festival, mas só em 2016, ano em que o poder político valorizou o evento e o manteve em Portugal após uma ameaça de saída, se formalizou em três dias de recrutamento que antecedem o prato forte: conferências, sessões de mentoria, de desenho ou escultura, ou ainda as masterclasses com o realizador Kevin Lima e com os ilustradores Crash McCreery e Claire Wendling, entre muitos outros.

A autarquia de Setúbal e a Secretaria de Estado de Turismo participam com 120 mil euros de um orçamento de 1,2 milhões, suportado por patrocinadores e pela estrutura portuguesa, liderada por André Lourenço, que idealizou, e com o embaixador e produtor Scott Ross, que pôs o THU no terreno.