Voluntários retiram cotonetes, beatas e plástico da praia da Cruz Quebrada
Areal de Oeiras escolhido por se situar na desembocadura de um rio, zonas que habitualmente acumulam mais lixo.
Cerca de três dezenas de pessoas, algumas delas em família, juntaram-se neste sábado na praia da Cruz Quebrada, em Oeiras, para uma limpeza ambiental que retirou do areal sobretudo cotonetes, beatas e fragmentos de plástico.
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Cerca de três dezenas de pessoas, algumas delas em família, juntaram-se neste sábado na praia da Cruz Quebrada, em Oeiras, para uma limpeza ambiental que retirou do areal sobretudo cotonetes, beatas e fragmentos de plástico.
A iniciativa da Associação Portuguesa do Lixo Marinho (APLM) encerrou a 1.ª Conferência sobre Lixo Marinho, que decorreu em Lisboa, e pretendeu ainda assinalar o Dia Nacional da Limpeza das Praias, que se celebra neste sábado, abrindo o "Mês do Lixo Marinho", instituído recentemente pela Agência Europeia do Ambiente.
Paula Sobral, da APLM, explicou que a ideia é apanhar o lixo que está na praia, mas também sensibilizar os voluntários para o problema.
Depois das luvas descartáveis e do protector solar, as três dezenas de voluntários iniciaram a limpeza dos cerca de 100 metros de comprimento da praia, divididos em grupos, cada qual responsável pela recolha de materiais específicos para que a separação do lixo seja feita logo.
Foram recolhidos sobretudo cotonetes, beatas, plásticos, vidros e até objectos "estranhos", aqueles que chegaram à praia e não se enquadram em nenhum grupo específico, como um colar, uma pulseira, um espelho, velas e flores de plástico, utilizados provavelmente em conjunto num ritual esotérico.
O objectivo é também saber que quantidade de material de cada categoria existe para avaliar qual a possível origem, explicou Paula Sobral. Estes dados vão integrar uma base mundial e serão comunicados também à Agência Europeia do Ambiente.
"Hoje em dia, sabe-se que grande parte do lixo marinho que encontramos é transportada pelos rios e resulta de actividades realizadas em terra", realçou Paula Sobral, justificando a escolha da Cruz Quebrada por ser uma praia situada na desembocadura de um rio, que "são sempre as que têm mais lixo".
Catarina Gonçalves, coordenadora nacional do Programa Bandeira Azul, procura sempre envolver a família em actividades destas e trouxe os três filhos, "porque é em casa que se aprende a mudar comportamentos".
"O que está aqui não surgiu aqui. É resultado dos nossos comportamentos diários. E esta sensibilização tem de ser feita é em casa. No nosso dia-a-dia, no nosso consumo diário, temos de questionar tudo o que fazemos", considerou.
Alexandra e Rute vieram dos Açores participar na conferência sobre Lixo Marinho e aproveitaram para integrar na acção de limpeza. Nos tempos livres, nos Açores, já recolhem plástico das praias e com ele fazem arte.
"Começou numa brincadeira e agora já tenho um quarto cheio de plástico, dividido por categorias. Por exemplo, tenho pentes do cabelo, escovas de dentes, cotonetes, tinteiros, brinquedos, cartuchos de caça. Fomos lavando, guardando e então decidimos que tínhamos de fazer alguma coisa com aquilo e decidimos começar a colá-lo em telas", disse Alexandra Correia, administrativa.
A colagem de plásticos que recuperam das praias pretende passar uma mensagem. "A mensagem é que a responsabilidade é de todos. Não é preciso apontar dedos, nós todos somos responsáveis" por esta situação, afirmou.