Cinco anos depois, Trump reconhece que Obama nasceu nos EUA
A dois meses das presidenciais, as sondagens a nível nacional mostram a vantagem de Clinton a desaparecer, mas é a ex-secretária de Estado que mantém mais hipóteses de ser eleita.
"O Presidente Obama nasceu nos Estados Unidos, ponto final." A frase chegou com cinco anos de atraso, mas o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, finalmente pronunciou-a. Não sem horas antes se ter negado uma última vez a reconhecer a nacionalidade do primeiro Presidente negro dos EUA.
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"O Presidente Obama nasceu nos Estados Unidos, ponto final." A frase chegou com cinco anos de atraso, mas o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, finalmente pronunciou-a. Não sem horas antes se ter negado uma última vez a reconhecer a nacionalidade do primeiro Presidente negro dos EUA.
A equipa de assessores de Trump começou por declarar que o magnata “acredita” que Obama nasceu nos Estados Unidos. “Tendo conseguido obter o certificado de nascimento do Presidente Obama quando outros não o conseguiram, Trump acredita que o Presidente Obama nasceu nos Estados Unidos”, afirmou Jason Miller, um dos principais assessores de Trump, num comunicado divulgado na quinta-feira à noite.
Antes, o candidato tinha sido questionado por um jornalista do Washington Post sobre o assunto, mas não foi capaz de confirmar a sua posição. “Irei responder a essa pergunta na altura certa, apenas não o quero fazer agora”, disse Trump. Há uma semana, a directora de campanha do republicano, Kellyanne Conway, já tinha garantido que o candidato acreditava que Obama tinha nascido nos EUA e que queria pôr um ponto final na polémica. Ao Post, Trump desvalorizou as declarações da responsável pela sua campanha. “Ela pode dizer o que quiser. Eu quero concentrar-me em empregos”, afirmou.
O momento certo chegou esta sexta-feira durante a apresentação do seu novo hotel em Washington, quando pronunciou a aguardada frase. Mas, como é hábito, Trump tinha de envolver um aparente momento de reconciliação numa polémica, ao implicar a sua rival na corrida presidencial no assunto. "Hillary Clinton e a sua campanha em 2008 começaram a controvérsia birther [movimento que questiona a nacionalidade de Obama]. Eu terminei-a. Eu terminei-a, sabem o que quero dizer", disse Trump.
A polémica remonta a 2011, quando durante a campanha para a reeleição de Obama, Trump questionou em diversas ocasiões a nacionalidade do Presidente nascido no Havai. Quando o certificado de nascimento de Obama foi divulgado, Trump continuou a duvidar, levantando suspeitas quanto à veracidade do documento. O magnata do imobiliário nova-iorquino defendia a tese de que Obama teria nascido no Quénia e que até seria muçulmano.
A campanha do republicano voltou agora a tentar afastar Trump dessa posição polémica, com o argumento de que foi Hillary Clinton, durante a corrida às primárias de 2008, quem a levantou em primeiro lugar. Não são conhecidas, porém, quaisquer declarações públicas da antiga secretária de Estado nesse sentido.
Clinton criticou a recusa de Trump em reconhecer que Obama nasceu nos EUA, que diz fazer parte da “campanha mais divisionista” dos últimos anos, levada a cabo pelo magnata. “Este homem quer ser o nosso próximo Presidente? Quando irá ele parar maldade, esta intolerância?”
Republicano recupera
A polémica reacende-se numa altura em que os números das sondagens parecem sorrir a Trump. A média dos principais inquéritos realizados nas últimas semanas atribui uma vantagem magra de 1,1 pontos a Hillary Clinton — bem distante do avanço anterior da democrata, que há um mês era superior a seis pontos. Alguns estudos, como o realizado em conjunto pelo New York Times e pela CBS, apontam para um empate. As projecções do Times, tendo em conta o colégio eleitoral e as sondagens de cada estado, continuam, porém, a atribuir grandes hipóteses (74%) para que Clinton seja eleita.
A esmagadora maioria do eleitorado tem consciência de que Trump é uma escolha mais arriscada do que Clinton, mas a democrata é igualmente vista como aquela que poderá trazer menos mudanças à forma de se fazer política em Washington, segundo um estudo do NYT.
A honestidade — ou a falta dela — continua a ser um problema para ambos os candidatos, de acordo com as percepções dos eleitores. Mais de 60% consideram os dois pouco dignos de confiança. Apesar de a imigração ser uma das pedras fulcrais do programa eleitoral de Trump — que planeia deportar milhões de pessoas sem documentos e construir um muro na fronteira com o México —, é Clinton que é vista como a mais bem colocada para lidar com o assunto. O eleitorado parece apenas confiar nas qualidades de Trump para tratar da economia.
A imprensa norte-americana atribui a melhoria dos números de Trump à remodelação feita na equipa de assessores da sua candidatura, mas também à ausência de Clinton ao longo da última semana, na sequência do mal-estar que sentiu durante as cerimónias de 11 de Setembro (soube-se depois que lhe tinha sido diagnosticada uma pneumonia dias antes).
Numa das últimas intervenções, Clinton foi muito criticada por se ter referido aos apoiantes de Trump como um “bando de deploráveis”. Desde então, a candidata democrata recuou nas suas declarações.
No regresso à campanha, Clinton reconheceu que ter de ficar em casa a dois meses das eleições era o “último lugar” onde queria estar. “Não sou boa a levar as coisas com calma, mesmo em circunstâncias normais”, afirmou a candidata, durante um discurso na Carolina do Norte.
Notícia actualizada às 16h59: Acrescentaram-se as declarações de Donald Trump em que admite reconhecer local de nascimento de Barack Obama.