Autoridades dos EUA exigem 14 mil milhões de dólares ao Deutsche Bank
Pedido de compensação pelo papel do banco na crise financeira supera as expectativas e provoca descida do Deutsche Bank em bolsa.
As autoridades norte-americanas estão a exigir ao Deutsche Bank que pague 14 mil milhões de dólares (cerca de 12.500 milhões de euros) em compensações para que seja colocado um ponto final no processo judicial que o banco alemão enfrenta pelo seu papel no deflagrar da crise financeira internacional em 2008.
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As autoridades norte-americanas estão a exigir ao Deutsche Bank que pague 14 mil milhões de dólares (cerca de 12.500 milhões de euros) em compensações para que seja colocado um ponto final no processo judicial que o banco alemão enfrenta pelo seu papel no deflagrar da crise financeira internacional em 2008.
O valor da compensação exigida pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos fica bastante acima daquilo que eram as expectativas dos mercados, o que motivou, no início da sessão desta sexta-feira, uma descida da cotação do Deutsche Bank em bolsa. No fecho do mercado, os títulos da instituição caíram 8,4%.
A notícia deste desenvolvimento no processo judicial em que o Deutsche Bank está envolvido nos Estados Unidos foi avançada esta sexta-feira pelo próprio banco, que aproveitou para assinalar que não estará disposto a pagar um montante tão elevado para fechar o caso. “O Deutsche Bank não tem qualquer intenção de chegar a acordo em relação a estas potenciais exigências por um número de alguma forma próximo do citado”, afirmou em comunicado, destacando que “as negociações estão agora apenas a começar” e que “o banco espera que estas venham a conduzir a um resultado semelhante ao de outros bancos que chegaram a acordo por valores mais baixos”.
Até ao momento, o Departamento de Justiça já chegou a um entendimento nos processos que tinha contra dois bancos norte-americanos. Em 2014, o Citigroup chegou a acordo para pagar sete mil milhões de dólares (cerca de 6200 milhões de dólares) em compensações, fechando desta forma o caso em que era acusado de ter de forma fraudulenta vendido títulos de dívida imobiliária. Na fase inicial do processo, as autoridades norte-americanas pediam ao Citigroup 12 mil milhões de dólares (cerca de 10.700 milhões de euros).
Em Abril deste ano, foi a vez de o Goldman Sachs chegar a acordo para o pagamento de cinco mil milhões de dólares (cerca de 4500 milhões de euros) em compensações.
Tal como no caso destes dois bancos norte-americanos, também no processo em que o Deutsche Bank é visado aquilo que está em causa é o papel desta instituição financeira na crise financeira de 2008. Em particular, as autoridades acusam o grupo alemão de ter vendido títulos de dívida relacionados com o mercado imobiliário norte-americano, não passando uma imagem correcta do real valor destes títulos e dos riscos em que incorriam os seus detentores.
No início da crise financeira nos Estados Unidos que depois teve consequências profundas no resto do sistema financeiro internacional registou-se um colapso do mercado de crédito imobiliário designado como subprime. Os bancos agregavam um conjunto de créditos à habitação com elevado nível de risco e depois juntavam-nos em títulos a que eram atribuídos ratings bastante mais favoráveis e vendidos no mercado (a outros bancos e investidores). A partir de 2007, à medida que se começou a verificar que as taxas de incumprimento nesses créditos eram efectivamente muito elevadas e que os títulos vendidos valiam muito menos do que se pensava, o pânico e a desconfiança começou a instalar-se nos mercados, atingindo o seu ponto máximo quando a 15 de Setembro de 2008, o banco norte-americano Lehman Brothers declarou falência.