3Pês: uivos de Outono com Wovenhand

Promo, Palco e Pista: os 3Pês de António Barroso. Sugestões musicais para este fim-de-semana, de 15 a 18 de Setembro

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Anders Jensen/Wiki

Às primeiras pingas e ao acastanhar do chão, a malta quer é mais sofá e trocam-se os "gadgets" por altas-fidelidades de sala. É tempo de música entre quatro paredes e de deixar os auriculares a arejar. Este é o melhor dos contextos para ouvir o novo álbum dos Wovenhand, esperar por mais de Lescop e espreitar o que vem aí de Summer Moon, TOY e Regina Spektor.

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Às primeiras pingas e ao acastanhar do chão, a malta quer é mais sofá e trocam-se os "gadgets" por altas-fidelidades de sala. É tempo de música entre quatro paredes e de deixar os auriculares a arejar. Este é o melhor dos contextos para ouvir o novo álbum dos Wovenhand, esperar por mais de Lescop e espreitar o que vem aí de Summer Moon, TOY e Regina Spektor.

Promo

O oitavo longa-duração de Wovenhand (EUA) é uma peça de artesanato ou de artilharia, conforme o vosso estado de espírito. À medida de praticamente todos os trabalhos anteriores, David Eugene Edwards volta à alquimia de sonoridades e consegue fundir e fabricar 11 temas em “Star Treatment” para as mais exigentes catalogações: neo-folk, post-punk, indie, americana… Eu chamo-lhe rock do que enche a alma, mesmo quando apregoa divinos que não são os meus. “All Your Waves” são dores de índio, de cowboy desesperado ou de coiote; “Go Ye Light” e “Crystal Palace” têm cânticos e balanços para levantar orelhas a góticos; “Five by Five” roça a dark-wave e o prog-rock, não sendo de nenhum dos dois estilos, mas há quem ouça guturalidades “à la” Peter Murphy; e “Golden Blosson” faz o encontro de um canto marcial com uma valsa dolente. Um dos discos do ano, para os meus gostos.

Segredo ou apenas resultado do meu péssimo domínio da língua (a que se segue, não a minha), o francês Lescop prepara o lançamento do seu segundo álbum, cujo nome não consegui descortinar em lado nenhum. Apresentou, por estes dias, um terceiro single: “David Palmer”, que se seguiu a “Echo” (dado como provável nome do LP que sairá em breve) e “Dérangé”, esta uma canção que encontra algum do universo Gainsbourg na sua fase mais pop.

A tentação do super-grupo (aquela coisa que junta membros de várias bandas já conceituadas) não é exclusiva dos 80s. o baixista Nikolai Fraiture (The Strokes) resolveu juntar-se ao baterista Stephen Perkins (Jane’s Addiction), à vocalista e teclista Camila Grey (Uh Huh Her) e ao guitarrista Noah Harmon (The Airborn Toxic Event) e criar os Summer Moon. “With You Tonight” é o único tema revelado até ao momento. Ok, a tentação é grande, a canção não é tanto. Esperemos pelas próximas.

Para um Outono mais rock, os ingleses TOY lançam a 28 de Outubro o seu terceiro longa-duração – “Clear Shot” -, com “Fast Silver” e "I’m Still Believing” de avanço.

No último dia de Setembro, e para os que apreciam folhas caídas, Regina Spektor edita “Remember Us to Life”, que, pela segunda amostra “Black And White”, será uma daquelas coisas bonitinhas e muito pop, conforme o primeiro single, “Bleeding Heart”.

Palco

Se há um nível máximo no conceito de incontornável, a passagem de Lloyd Cole por Portugal é o melhor exemplo. Quinta-feira em Lisboa (CCB), sexta na Guarda (Teatro Municipal) e sábado no Porto (Casa da Música), para ouvir um “best of” a solo e em modo acústico.

Em fim-de-semana de D’Bandada (Porto) e Gente Sentada (Braga), o há dois palcos a servir as inspirações mais densas do festival “Post-Punk Strikes Again”, que decorrerá em Lisboa (sexta, Caixa Económica Operária) e no Porto (sábado, Hard Club). Branderburg (Rússia), Japan Suicide (Itália), Alma Mater Society e Morte Psíquica (Portugal), Whispering Songs (Bélgica), Bleib Modern (Alemanha) e Poison Point (França) são as bandas que vêm mostrar que o post-punk sobrevive e renova-se desde finais da década de 70.

Pista

Com quantos pregos se faz uma omoleta ou entre marido e mulher há ir e voltar assemelham-se a frases feitas e desfeitas entre si. Pode até não fazer sentido, mas talvez seja só ajustar neurónios para fora da caixa e o senso está lá. É como ir espreitar a selecção do Isidro Lisboa no Lusitano (Santa Maria da Feira, sexta-feira) e encontrar semelhanças entre um corridinho algarvio e os LCD Soundsystem, sem ter que passar por Gogol Bordello. Parece fé, mas é ciência.

Com menos labareda, mas com uma chama imensa (que ele chama muita gente), há Mar Superior na Casa de Ló (Porto), na mesma noite.

Sábado é noite para arranque de “hostilidades” no Indústria (Porto), com as selecções dançáveis de Rui Vargas, Jorge Caiado, João Tenreiro e Leo Cruz.

Em Lisboa, no domingo há um “all stars DJ”, com muita pop e elegância, no Roterdão, que celebra o seu primeiro aniversário no seu novo modelo. E deixar para domingo a noite que não se fez antes costuma dar bons resultados.