Alguns casos de lobbying

No relatório de 2013 da OCDE sobre o lobbying são descritos alguns casos paradigmáticos ocorridos na Europa.

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230 membros do Parlamento exerceram 382 posições em instituições financeiras Miguel Manso

Portas giratórias em Portugal

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Portas giratórias em Portugal

Em Portugal, a influência do sector financeiro sobre as decisões políticas é percepcionada como extensa e comum, funcionando livremente como uma porta giratória entre o sector privado e o público. Dos anteriores 19 ministros das Finanças, 14 tinham trabalhado previamente em bancos ou instituições financeiras. Os banqueiros são também o grupo profissional mais representado em cargos executivos, atingindo 54% das posições governamentais desde o estabelecimento do Estado democrático. Além disso, 230 membros do Parlamento exerceram 382 posições em instituições financeiras antes ou depois de possuírem um cargo governamental. Estas ligações próximas entre os negócios e a política também se estendem às entidades reguladoras. Desde 1986, todos os governadores do Banco de Portugal passaram eventualmente para o sector da banca privada.

O lobby automóvel na Alemanha

Desde 2011, os carros na Alemanha devem conter um rótulo com a eficiência energética, promovido para ajudar os compradores a efectuarem uma compra informada. Este sistema tem sido criticado por grupos ambientais, uma vez que as classificações não estão só associadas ao consumo de energia e produção de dióxido de carbono, mas também ao peso do carro. Assim, carros mais pesados podem na verdade receber uma classificação energética mais elevada que carros mais ligeiros. Documentos oficiais mostram que o lobby automóvel alemão foi responsável pela legislação que permitiu este método, que favorece veículos todo-o-terreno e carros de maior dimensão, ambos produzidos largamente pela indústria alemã. O acesso a estes documentos oficiais não foi permitido até ao fim de 2013, após as eleições federais, indicando que o governo poderia não querer que a população alemã conhecesse a evolução deste processo legislativo até depois do voto. Os grupos ambientais continuam a exigir uma revisão do sistema de classificação.

A lei antitabaco em Espanha

Quando a lei contra o tabaco de 2005 em Espanha falhou nos seus objectivos, por incluir excepções à obrigação para bares grandes e restaurantes, o Ministério da Saúde procurou juntar representantes de todos os grupos parlamentares, dos meios de comunicação e especialistas para abrir o caminho a uma lei mais restrita. Através do Observatório para a Prevenção do Tabaco, foram promovidas discussões e eventos sobre os efeitos do fumo secundário, com os dados científicos e as preocupações com a saúde pública a influenciarem de forma significativa. O processo inclusivo que tomou em conta os interesses de todos os partidos aumentou a influência social e exigência de uma mudança. Os proponentes de interdições ao tabaco foram capazes de contrariar influências poderosas dos interesses das companhias de tabaco, turismo e hospitalidade, máquinas de venda e companhias de distribuição, entre outros. Agora, a Espanha lidera a Europa com uma das leis contra o tabaco mais restritas, colocando a saúde pública em primeiro lugar.