Populistas e eurocépticos desagradados com discurso de Juncker
"Insípido", considerou a líder da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen.
O discurso do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, agradou sobremaneira ao presidente do Parlamento Europeu: “Forte discurso sobre o Estado da União Europeia”, reagiu Martin Schulz, satisfeito com a abrangência de uma intervenção que foi “desde o combate ao desemprego jovem às questões da defesa; da vontade em resolver a evasão fiscal ao fortalecimento do mercado único”.
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O discurso do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, agradou sobremaneira ao presidente do Parlamento Europeu: “Forte discurso sobre o Estado da União Europeia”, reagiu Martin Schulz, satisfeito com a abrangência de uma intervenção que foi “desde o combate ao desemprego jovem às questões da defesa; da vontade em resolver a evasão fiscal ao fortalecimento do mercado único”.
Mas as apreciações não foram unânimes: os elogios de Schulz contrastavam com o desagrado da francesa Marine Le Pen, que considerou a intervenção de Juncker “insípida” e um prenúncio do fim da União Europeia. “Foi quase um funeral”, disse a eurodeputada e líder do partido de extrema-direita Frente Nacional, acrescentando que o presidente da Comissão “não tem prestado atenção à ambição dos europeus que querem recuperar a sua soberania e independência”.
Aliás, foi da bancada populista e eurocéptica que vieram as maiores críticas ao discurso de Juncker. O líder do UKIP, Nigel Farage, não deixou passar em claro as referências do presidente da Comissão ao “Brexit”, particularmente a sua condenação às “inaceitáveis provocações e agressões a trabalhadores polacos nas ruas do [condado de] Essex”. Para Farage, que esta quinta-feira deixa oficialmente a liderança do partido anti-europeísta (mas mantém o mandato de deputado europeu), não é “sensato” estabelecer ligações entre os ataques a imigrantes no Reino Unido e o referendo que ditou a saída da União Europeia – incidentes “isolados” não devem ser evocados com “fins políticos”, lamentou.
De resto, as grandes linhas anunciadas para o futuro da UE mereceram-lhe o cepticismo habitual: “Fico ainda mais satisfeito por termos votado pela saída”, disse, “depois de ouvir Juncker repetir a mesma receita de maior integração económica e militar”. A principal reclamação de Farage teve a ver com a nomeação de Guy Verhofstadt como o principal observador do Parlamento Europeu nas negociações para o “Brexit” – “É uma declaração de guerra”, afirmou, acusando o antigo primeiro-ministro da Bélgica de ser um “fanático” e um “nacionalista da União Europeia”.
O belga, que actualmente lidera a Aliança Liberal e Democrata no Parlamento Europeu, viu-se forçado a corrigir Farage, assegurando que as negociações do “Brexit” não são uma “questão de vingança” mas sim “uma oportunidade”, inclusivamente para resolver a “dramática complexidade” estrutural da UE. Que na sua opinião, continua a ser a melhor estrutura para responder aos problemas e desafios com que os países se confrontam: o combate ao terrorismo ou a evasão fiscal das grandes multinacionais, por exemplo, exigem “instrumentos supranacionais”.