A prova de vida de Assunção Cristas
A candidatura a Lisboa prova que a líder do CDS não quer ser facilmente descartável.
A anunciada candidatura de Assunção Cristas à Câmara de Lisboa é uma jogada política muito arriscada, mas a verdade é que a líder centrista não tinha grande margem para se furtar a esta eleição. Isto se o seu objectivo é manter-se ao leme do partido, impondo-se aos críticos e afirmando a sua liderança. Ora se houve aspecto interessante na forma como Cristas marcou a sua entrada na disputa pela sucessão de Paulo Portas foi justamente a determinação e a vontade com que se apresentou perante os militantes. Substituir um líder carismático costuma anunciar um tempo mais propício a retiradas calculistas do que um momento capaz de trazer vantagens a quem é capaz de arriscar.
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A anunciada candidatura de Assunção Cristas à Câmara de Lisboa é uma jogada política muito arriscada, mas a verdade é que a líder centrista não tinha grande margem para se furtar a esta eleição. Isto se o seu objectivo é manter-se ao leme do partido, impondo-se aos críticos e afirmando a sua liderança. Ora se houve aspecto interessante na forma como Cristas marcou a sua entrada na disputa pela sucessão de Paulo Portas foi justamente a determinação e a vontade com que se apresentou perante os militantes. Substituir um líder carismático costuma anunciar um tempo mais propício a retiradas calculistas do que um momento capaz de trazer vantagens a quem é capaz de arriscar.
Mas se Assunção Cristas conseguiu alcançar essa vitória, agora, não tem quaisquer garantias de a poder renovar. Esbatida a novidade da sua entrada fulgurante na liderança centrista, está muito longe de consolidar marca própria, com pensamento, estilo e acção característicos de uma dinâmica interna distintiva. Do balanço destes meses fica sobretudo o empenho em ocupar o lugar vazio deixado por Passos Coelho, enquanto principal protagonista da oposição, nos debates quinzenais com o primeiro-ministro. Poderia ter vencido a aposta não fosse a dispersão dos temas, uma agressividade inconsistente e o facto de ter subestimado a enorme experiência política de António Costa. Aqui chegada, Assunção Cristas sabe que tem de voltar a fazer prova de vida dentro de um partido que ainda não conquistou verdadeiramente e onde há calculismo na sombra à espera do tempo certo. Daí não ser de estranhar esta revisitação ao passado de Paulo Portas, grande amigo e mentor político, que nos idos de 2001 também fez da candidatura à câmara de Lisboa uma espécie de carta de alforria para se afirmar internamente e para desafiar os barões mais críticos a darem a cara pelo partido em eleições difíceis para o CDS como são as autárquicas. Sim, a jogada de Cristas é de alto risco, mas também diz que ela não será facilmente descartável.