Brasileiros superaram chineses na compra de casas em Portugal

Investimento estrangeiro aumentou no segundo trimestre, com franceses e ingleses a manter a liderança.

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Algarve continua a ser uma dos lugares preferidos pelos investidores estrangeiros. PÚBLICO/Arquivo

O investimento estrangeiro na compra de activos imobiliários em Portugal cresceu 3% no segundo trimestre, face aos primeiros três meses do ano, com o Brasil a subir no ranking e os chineses a cair, revela uma estimativa da APEMIP, a associação das mediadoras imobiliárias, divulgada nesta terça-feira.

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O investimento estrangeiro na compra de activos imobiliários em Portugal cresceu 3% no segundo trimestre, face aos primeiros três meses do ano, com o Brasil a subir no ranking e os chineses a cair, revela uma estimativa da APEMIP, a associação das mediadoras imobiliárias, divulgada nesta terça-feira.

O investimento estrangeiro total, e não apenas através das autorizações de residência para investimento, mais conhecidos por vistos gold, terá representado 23% das transacções totais de alojamento para habitação entre Abril e Junho, acima dos 20% do primeiro trimestre e ligeiramente mais que em 2015 (dados provisórios), em que atingiu os 22%.

Em comunicado, Luís Lima, presidente da APEMIP, destaca o crescimento da aposta estrangeiro no imobiliário português, mas salvaguarda que este crescimento “reflecte uma ligeira contracção do mercado interno”.

A liderança do investimento tem conhecido algumas mudanças. Depois de os franceses, com 25% do investimento, terem roubado a liderança aos ingleses no primeiro trimestre do corrente ano, remetendo-os para o segundo lugar (19%), agora foi a vez de os brasileiros conquistarem o terceiro lugar aos chineses.

A alteração foi gerada por um aumento do investimento vindo do Brasil, em resultado da maior aposta em colocar capitais fora do país por causa da instabilidade política e económica. As compras dos brasileiros, que representavam 8% no primeiro trimestre, subiram para 10% no segundo.

Mas a mudança de lugares adveio, essencialmente, de uma quebra do investimento chinês, que de um peso de 13% no primeiro trimestre passou agora para 7%. A descida foi de tal forma que a China também foi ultrapassada pela Suíça, que subiu ao quarto lugar (com 8%).

Luís Lima destaca que a subida do investimento brasileiro é explicada em parte pela “crise económica, política e social que o Brasil atravessa”, referindo que só no Consulado Geral de Portugal em São Paulo são atribuídas mensalmente cerca de 800 novas cidadanias a brasileiros que assim adquirem a dupla nacionalidade, o que significa que o investimento em Portugal deverá ser ainda maior do que o contabilizado nas estatísticas, pois estes “novos portugueses” acabam por investir utilizando a nova nacionalidade”, afirma.

O investidor brasileiro que procura investir em Portugal tem idade acima dos 50 anos, está a apostar numa lógica de investimento (ou seja, compra de imóveis para arrendamento ou já arrendados) e tem revelado disponibilidade para aceitar taxas de rentabilidade mais modestas, o que não acontecia no passado.

A surpresa negativa vem do investimento chinês, que “tem vindo a diminuir, muito devido aos problemas de percepção do programa dos vistos gold, resultante de atrasos na concessão e na renovação de vistos”, declara Luís Lima. O responsável destaca ainda que também se tem vindo a registar um aumento do investimento por outros países de língua oficial portuguesa, com destaque para Angola e Moçambique.

As cidades de Lisboa, do Porto e a região do Algarve continuam a ser as zonas mais procuradas pelos investidores que querem fazer negócio com o imobiliário luso. “O Algarve continua a reunir as preferências dos investidores ingleses, enquanto Lisboa e Porto são as principais cidades procuradas por franceses ou brasileiros”, adianta o representante das imobiliárias.