À espera da trégua, Assad promete "reconquistar" toda a Síria
Presidente sírio foi a Daraya, cidade que se rendeu após quatro anos de cerco. Oposição exige "garantias" sobre o cessar-fogo negociado entre Rússia e EUA.
A poucas horas do início do cessar-fogo acordado entre a Rússia e os Estados Unidos, o Presidente sírio apareceu em público na cidade de Daraya, um subúrbio de Damasco que foi durante quatro anos cercado pelo seu Exército até à rendição, no mês passado. Durante a visita Bashar al-Assad garantiu que quer “reconquistar” todo o terreno perdido nos últimos cinco anos.
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A poucas horas do início do cessar-fogo acordado entre a Rússia e os Estados Unidos, o Presidente sírio apareceu em público na cidade de Daraya, um subúrbio de Damasco que foi durante quatro anos cercado pelo seu Exército até à rendição, no mês passado. Durante a visita Bashar al-Assad garantiu que quer “reconquistar” todo o terreno perdido nos últimos cinco anos.
Há ainda grandes incertezas sobre o cumprimento da trégua, a segunda acordada este ano entre as duas potências internacionais, e que de acordo com o que foi anunciado sábado em Genebra entrará em vigor ao pôr-do-sol desta segunda-feira, com a duração prevista de sete dias. O regime sírio já anunciou que respeitará o cessar-fogo, mas Assad mostrou-se pouco disponível para mais cedências.
“O Estado sírio está determinado a reconquistar aos terroristas todas as regiões e restabelecer a segurança”, disse o Presidente sírio depois de ter participado nas cerimónias do Eid al-Adha (a festa que assinala o fim da grande peregrinação a Meca) na mesquita de Daraya, rodeado por dirigentes religiosos e membros do seu governo.
Daraya, que foi uma das primeiras cidades a sublevar-se, em Março de 2011, rendeu-se no dia 26 de Agosto, após quatro anos de cerco e ataques do Exército. Os combatentes que ali resistiam e as suas famílias tiveram autorização para viajar para Idlib, província do Noroeste controlada pela rebelião, e os civis foram levados para áreas controladas pelo regime.
Nesta segunda-feira, Assad fez-se fotografar na rua, rodeado de prédios crivados de balas, e garantiu à imprensa estatal que “as forças armadas vão prosseguir o seu trabalho sem hesitação, independentemente dos factores externos e internos”.
As dúvidas sobre o cumprimento da trégua mantêm-se também do lado da oposição. Em declarações à AFP, o porta-voz do Alto Comité de Negociações, estrutura que agrega a oposição no exílio e uma parte dos grupos rebeldes que combatem no terreno, pediu mais garantias sobre o acordo firmado em Genebra. “Qual é a definição escolhida para ‘terrorismo’ e qual será a resposta em caso de violação?”, questionou Salem al-Mouslet.
O regime sírio cataloga como terroristas todos os que pegaram em armas contra Assad, mas o acordo russo-americano excluiu apenas da trégua os jihadistas do Estado Islâmico (concentrados no nordeste do país) e a Frente al-Nusra – que até há meses se apresentava como o braço sírio da Al-Qaeda e que é um dos maiores e mais bem armados grupos que lutam contra o regime sírio, ao qual se aliaram em várias zonas outros movimentos rebeldes.
Sem excluir o cumprimento da trégua, Mouslet mostrou-se céptico sobre o que ela poderá alcançar – “a Rússia vai aplicá-la? O regime vai aplicá-la e cessar os seus bombardeamentos?” – e disse esperar mais esclarecimentos dos Estados Unidos, “um dos signatários do acordo”.
A BBC adianta também que os islamistas do Ahrar al-Sham, outro dos principais grupos no terreno, repudiaram o acordo. “A rebelião que luta e sofre há dez anos não pode aceitar meias soluções”, disse o "número dois" da formação, Ali al-Omar, sem explicar se vai ou não parar os combates.