Snowden critica a Rússia e filme reabre debate sobre amnistia de Obama
Oliver Stone realizou uma biografia de Edward Snowden e todo o elenco defendeu o regresso do denunciante aos EUA. Numa entrevista, Snowden lamentou a situação dos direitos humanos na Rússia, onde vive, em localização secreta, desde que os EUA o acusaram de actos de espionagem
A conferência de imprensa de apresentação do filme Snowden, durante o Festival de Cinema de Toronto, este sábado, foi aproveitada por quase todos para reacender um debate com três anos: Deve Edward Snowden, 33 anos, o ex-funcionário da CIA que denunciou o programa de vigilância da National Security Agency (NSA) dos EUA, continuar a ser acusado dos crimes de espionagem e roubo de documentos públicos?
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A conferência de imprensa de apresentação do filme Snowden, durante o Festival de Cinema de Toronto, este sábado, foi aproveitada por quase todos para reacender um debate com três anos: Deve Edward Snowden, 33 anos, o ex-funcionário da CIA que denunciou o programa de vigilância da National Security Agency (NSA) dos EUA, continuar a ser acusado dos crimes de espionagem e roubo de documentos públicos?
O realizador, Oliver Stone, e grande parte dos actores do elenco, defendem que Barack Obama deve conceder a Snowden um perdão presidencial, antes de terminar o seu mandato na Casa Branca. “Obama podia perdoá-lo, e eu espero que isso aconteça. Mas ele perseguiu vigorosamente outros oito denunciantes, acusados sob a Lei da Espionagem, o que é um recorde absoluto para um Presidente americano, e tem sido um dos mais eficientes administradores deste mundo da vigilância. Ele construiu o mais extenso e intrusivo Estado de vigilância que jamais existiu”, acusou o veterano realizador, no Canadá, durante a apresentação do seu filme biográfico sobre Snowden.
No filme, o denunciante é interpretado pelo actor Joseph Gordon-Levitt, que também defendeu os actos de Snowden. “Ele fez o que fez por um sincero amor pelo seu país e pelos princípios em que o país se baseia. Há dois tipos diferentes de patriotismo: aquele em que se é fiel ao país, não importa o que aconteça e em que não se faz muitas perguntas, mas há um outro tipo de patriotismo que é aquele que eu quis mostrar neste personagem. O privilégio de se ser cidadão de um país livre como os EUA é ser-nos permitido questionar e exigir transparência ao governo.”
A defesa de Snowden continuou, em Toronto, pela voz de outros actores, como Zachary Quinto, que interpreta o papel do jornalista Glenn Greenwald no filme de Oliver Stone: “A ideia de Snowden ser acusado de crimes de espionagem ou ser chamado de traidor é absurda. Ele é uma pessoa com uma grande integridade e com muita coragem. O que ele fez pode ser subestimado agora, mas penso que no futuro vai ser olhado com a importância que merece.”
A apresentação do filme coincidiu com a publicação, pelo Financial Times, de uma entrevista a Edward Snowden. A viver numa localização mantida secreta, na Rússia, desde que foi obrigado a sair dos EUA e a procurar asilo na sequência da sua denúncia do programa de vigilância da National Security Agency norte-americana, em 2013, Snowden faz uma apreciação crítica do respeito pelos direitos humanos e liberdades civis de Moscovo. A Rússia de Putin, critica, “está a ir longe de mais, desnecessariamente, em matérias que são altamente gravosas e corrosivas para os direitos individuais e colectivos”. “Eu não posso corrigir a situação dos direitos humanos na Rússia, e realisticamente a minha prioridade é corrigir o meu próprio país primeiro porque é aquele a que devo a maior lealdade”, acrescentou Snowden.
Na mesma entrevista, Snowden atribuiu à Rússia um papel na recente divulgação de documentos secretos da NSA, que considerou ser uma forma de ameaça de Moscovo aos EUA.
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