Espanhóis rejeitam novas eleições mas não querem regresso ao bipartidarismo
Uma grande maioria não quer regresso às urnas. A culpa do impasse é das lideranças partidárias. Mas o novo mapa político, apesar de dificultar a obtenção de maiorias, é do agrado da maioria, revela sondagem
“Decepção”, “engano”, “mal-estar”, “indignação”, são estes os primeiros adjectivos que surgem na cabeça dos eleitores espanhóis, quando confrontados com o actual impasse político que se vive em Madrid. Depois de falhar, mais uma vez, uma investidura de um Governo no Parlamento, Espanha pode estar a caminho da terceira votação legislativa nacional no período de um ano.
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“Decepção”, “engano”, “mal-estar”, “indignação”, são estes os primeiros adjectivos que surgem na cabeça dos eleitores espanhóis, quando confrontados com o actual impasse político que se vive em Madrid. Depois de falhar, mais uma vez, uma investidura de um Governo no Parlamento, Espanha pode estar a caminho da terceira votação legislativa nacional no período de um ano.
No que depender dos eleitores, no entanto, essa eleição não se fará. A grande maioria (71%) dos inquiridos da sondagem que a Macroscopia realizou para o El País responde “não” à pergunta: “Defende a realização de novas eleições gerais?”. Em sentido contrário, apenas 21% para o “sim”. Por partidos, os resultados são também reveladores: os eleitores do PP, do PSOE, do Unidos Podemos e do Ciudadanos respondem maioritariamente “não” àquela pergunta. A única diferença reside na quantidade. Há largos sectores dos partidos de esquerda (PSOE e UP) que defendem uma nova consulta popular, enquanto à direita (PP e C) essa percentagem é quase residual.
Para os eleitores, o problema parece residir na falta de capacidade de entendimento revelada pelos líderes partidários, incapazes de negociar uma solução maioritária de Governo. A maioria (58%) é clara: a culpa pela situação é dos dirigentes. Uma outra pergunta desfaz ainda mais as dúvidas. Para uma maioria esmagadora dos espanhóis, 67%, as mudanças recentes no mapa político, com quatro partidos “grandes”, a disputarem resultados eleitorais em torno dos 20%, é uma novidade benéfica. Nesta sondagem, só 20% se pronunciam claramente pelo regresso aos tempos do bipartidarismo, quando o PP, à direita, e o PSOE, à esquerda, alternavam no Governo.
Caso a solução política passe por um regresso à urnas, esta sondagem revela que há uma divisão clara entre os partidos que podem beneficiar, ou perder, com uma nova eleição. Há 81% dos eleitores do PP que voltariam a depositar o seu voto em Mariano Rajoy, uma percentagem semelhante à dos eleitores do Unidos Podemos, de Pablo Iglesias (79%). Do outro lado, os perdedores óbvios poderão ser o PSOE e o Ciudadanos, cuja base eleitoral tem dúvidas sobre se renova o seu apoio.