Sócrates pretende apresentar queixa contra Carlos Alexandre
Invertem-se os papéis: o (ainda não) acusado no processo Marquês afirma que vai apresentar queixa contra o juiz de instrução pelas declarações feitas à SIC
José Sócrates anunciou neste sábado a intenção de processar judicialmente o juiz Carlos Alexandre, na sequência da entrevista daquele magistrado à SIC, na passada quinta-feira. O ex-primeiro-ministro escreveu, num artigo de opinião publicado hoje no Diário de Notícias, que a actuação de Carlos Alexandre “configura um inqualificável abuso de poder”. Por isso, conclui no texto que enviou ao DN: “Dei instruções aos meus advogados para apresentarem as respectivas queixas aos órgãos judiciais competentes.”
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José Sócrates anunciou neste sábado a intenção de processar judicialmente o juiz Carlos Alexandre, na sequência da entrevista daquele magistrado à SIC, na passada quinta-feira. O ex-primeiro-ministro escreveu, num artigo de opinião publicado hoje no Diário de Notícias, que a actuação de Carlos Alexandre “configura um inqualificável abuso de poder”. Por isso, conclui no texto que enviou ao DN: “Dei instruções aos meus advogados para apresentarem as respectivas queixas aos órgãos judiciais competentes.”
Em causa estão as declarações de Carlos Alexandre numa entrevista biográfica que deu à SIC. Aí, o magistrado, para caracterizar a sua situação financeira, disse não ter "amigos". “Sou o ‘Saloio de Mação’, com créditos hipotecários que tem de trabalhar para os pagar, que não tem dinheiros em nome de amigos, não tem contas bancárias em nome de amigos”, afirmou, numa das suas respostas. Noutra ocasião usou a mesma expressão: “Como eu não tenho amigos, amigos no sentido de pródigos, não tenho fortuna herdada de meus pais ou de meus sogros, eu preciso de dinheiro para pagar os meus encargos. E não tenho forma de o alcançar que não seja através do trabalho honrado e sério.”
"Tal alusão" – escreve Sócrates – ",que nada vinha a propósito, não pode deixar de ser entendida – como o foi por todos os que a viram – como uma cobarde e injusta insinuação baseada na imputação que o Ministério Público me fez no referido processo”. Sócrates prossegue, reafirmando que a tese do Ministério Público, “é falsa, é injusta e é absurda”. “Nunca tive contas bancárias em nome de amigos. Todas as provas existentes no processo (…) confirmam que essa imputação não tem fundamento.”
Ao longo do artigo, o principal arguido do processo Marquês (que foi detido preventivamente em Novembro de 2014 e colocado em prisão domiciliária em Outubro de 2015), acusa o juiz que lidera esta fase do processo. Não só pela “grave e falsa acusação” que diz resultar da entrevista de Carlos Alexandre, mas também por tomar “partido” quando, defende Sócrates, devia mostrar “imparcialidade”.
Sócrates aproveita ainda para acusar tanto o juiz como o Ministério Público de “abuso” neste processo. O primeiro, por “corroborar publicamente as injustas e falsas teses da acusação”; e de novo dirige a mesma acusação ao Ministério Público porque ainda não apresentou a acusação. O prazo estipulado para que a equipa de Rosário Teixeira apresente o documento expira na próxima quinta-feira, 15 de Setembro.