Ministro da Defesa admite intervir após morte em curso de Comandos
Azeredo Lopes espera resultados das duas investigações em curso para decidir.
O ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, admitiu nesta quinta-feira intervir após a conclusão das duas investigações que decorrem à morte de um militar num curso de Comandos.
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O ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, admitiu nesta quinta-feira intervir após a conclusão das duas investigações que decorrem à morte de um militar num curso de Comandos.
Em Londres, onde está para participar numa reunião, o ministro disse à agência Lusa estar a acompanhar "com muita preocupação" os incidentes registados durante os treinos do curso de Comandos, que registou a morte no domingo e o internamento hospitalar durante a semana de pelo menos mais quatro militares.
"Estou acompanhar [a situação] com muita preocupação", afirmou o governante, referindo não só a vítima mortal como "outros incidentes num número que é objectivamente elevado".
Além do inquérito instaurado pelo chefe do Estado-Maior do Exército, a Procuradoria-Geral da República também abriu uma investigação, decisão que Azeredo Lopes acolheu com "serenidade". "Acho que é importante que possa haver vários olhares sobre a mesma realidade", defendeu.
Mesmo aceitando que as forças especiais como os Comandos envolvam treinos mais intensos, o ministro entende que deve acompanhar o caso. "Não impede o responsável político, neste caso o ministro, de estar muito atento para verificar se, com esse grau de exigência que pressupõe o facto de tratar-se de forças desta natureza, se todos os procedimentos foram cumpridos e não se levou longe demais esse esforço", justificou.
Azeredo Lopes garante que só intervirá após a divulgação das conclusões dos dois inquéritos. "A partir disso, será possível a quem tem responsabilidade política e exerce a sua autoridade na Defesa Nacional, de poder tomar as decisões que resultem das conclusões das diferentes abordagens", acrescentou.
O ministro da Defesa já tinha manifestado na segunda-feira "profundo pesar" pela morte de um militar do curso de Comandos em Alcochete, tendo transmitido à família do soldado a sua "solidariedade pessoal e do Governo neste momento de dor e sofrimento".
Na altura, o Exército esclareceu que, apesar da morte de um militar e de um outro ter ficado ferido no domingo, os treinos iam continuar, embora adaptados ao tempo quente.
Os incidentes ocorreram ambos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, embora em locais diferentes, sendo que o incidente do militar que veio a falecer ocorreu pelas 15h40. De acordo com uma primeira nota do Exército português, o militar falecido, que frequentava o 127.º curso de Comandos, sentiu-se "indisposto durante uma prova de tiro", tendo sido de imediato assistido pelo médico que acompanhava a instrução, que lhe diagnosticou "um golpe de calor".
Três outros militares encontram-se no Hospital das Forças Armadas, dois deles no Serviço de Medicina, sendo a sua situação clínica estável, não levantando cuidados de maior. O terceiro militar está na Unidade de Tratamentos Intensivos, diagnosticado com "golpe de calor".
Um quarto foi transferido do Hospital do Barreiro para o Curry Cabral, em Lisboa, devido a complicações hepáticas.
Inquérito ao desastre do C-130 ainda decorre
O ministro da Defesa referiu também que o inquérito ao desastre com um avião de carga C-130, em Julho, no Montijo, que provocou a morte de três militares da Força Aérea, ainda não está concluído. Azeredo Lopes disse ter pedido recentemente novas informações sobre o assunto, aguardando a conclusão do inquérito e a divulgação das suas conclusões.
"Suponho que a finalização não esteja para longe, mas ainda não está concluído", afirmou, justificando a demora com a complexidade do acidente.
O avião Hércules C-130 encontrava-se numa missão de treino na base aérea n.º6, no Montijo. Segundo a Força Aérea, que dirige o inquérito às causas, o aparelho "imobilizou-se fora da pista" e incendiou-se de imediato durante a corrida de descolagem. A tripulação não chegou a reportar qualquer emergência. Na sequência do acidente, morreram o tenente-coronel Fernando Castro, o capitão André Saramago e o sargento Amândio Novais.
O Ministro da Defesa Nacional português chegou nesta quarta-feira à capital britânica para participar na Ministerial de Defesa dedicada às operações de manutenção de paz das Nações Unidas, onde estarão representados mais de 70 países e organizações internacionais.