Governo insiste que não haverá despedimentos na Caixa
Salários dos gestores serão inferiores, com base nas novas regras, garante secretário de Estado.
Do debate desta tarde no Parlamento sobre a Caixa Geral de Depósitos saiu uma novidade e uma insistência do Governo. O secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, informou que já deu indicações para que as remunerações dos novos administradores estejam “em linha” com os restantes bancos, mas assegurou que serão "inferiores" ao que seriam se fossem aplicadas as regras anteriores do Estatuto do Gestor Público. E voltou a insistir que não haverá despedimentos no banco público.
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Do debate desta tarde no Parlamento sobre a Caixa Geral de Depósitos saiu uma novidade e uma insistência do Governo. O secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, informou que já deu indicações para que as remunerações dos novos administradores estejam “em linha” com os restantes bancos, mas assegurou que serão "inferiores" ao que seriam se fossem aplicadas as regras anteriores do Estatuto do Gestor Público. E voltou a insistir que não haverá despedimentos no banco público.
“Não é um plano de despedimentos. O que preconizamos para a Caixa é rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas”, disse numa intervenção no debate no Parlamento. Mesmo depois de PSD e CDS insistirem que feitas as contas à verba disponível para o pagamento de indemnizações, poderia chegar-se a “cinco mil trabalhadores”, o governante não especificou números.
Mourinho Félix não estabeleceu tectos para saída de funcionários, nem disse o valor que a nova administração tem para esta rubrica. O PÚBLICO avançou na semana passada que o valor que está disponível para cortes de pessoal pode ir até 700 milhões de euros. Uma informação utilizada pelos partidos no debate que não foi desmentida pelo secretário de Estado.
O tema da saída de pessoal da CGD acabou por dominar quase todo o debate político entre os partidos. Cecilia Meireles, do CDS, começou por classificar o processo como uma trapalhada e insistiu: “Quantos trabalhadores vão ser dispensados e quantos balcões vão ser fechados?”. Pelas contas da deputada, se se está a falar de rescisões por mútuo acordo, e tendo em conta os valores máximos permitidos por lei, teriam de sair cerca de cinco mil funcionários para que se gastassem os 700 milhões de euros. O PSD aproveitou a boleia e o deputado Hugo Soares perguntou: “Quantas pessoas acham que a CGD tem a mais? Serão os cinco mil que, cumprindo a lei, teriam de ser despedidos?”
Da esquerda vieram os avisos de que nenhum dos três partidos aceitará despedimentos. "O problema do PCP é saber o que acompanha a recapitalização. Encerrar balcões e despedir trabalhadores para garantir mais negócio a outros bancos é uma forma de financiar outros bancos indirectamente”, disse o deputado Miguel Tiago.
A deputada d’Os Verdes, Heloísa Apolónia também quis saber se “haverá despedimentos na Caixa”. E a deputada Mariana Mortágua, do BE encerrou as críticas: “A Caixa não pode ser alvo dos mesmos processos inumanos, desumanos, de que foram alvo os trabalhadores do Novo Banco e Banif. A última exigência é que não há despedimentos na CGD”, defendeu.
Durante o debate, o secretário de Estado voltou a referir que o plano para a Caixa é o de apoiar empresas com projectos que criem valor e, nunca referindo as negociações que ainda se mantêm, reforçou a ideia de que foi uma vitória “à primeira” com a Comissão Europeia. Uma ideia aliás, que o Ministro das Finanças já tinha reforçado há semanas quando apresentou a solução para a CGD.