Dia da Pastilha

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Os produtores de Bastille Day (franceses, luxemburgueses e americanos) devem ter ficado muito contentes com o “timing” que escolheram para um filme de acção a capitalizar a tensão política em França, metendo ao barulho o terrorismo islâmico, a imigração, a extrema-direita e os movimentos contestatários tipo “Occupy”.

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Os produtores de Bastille Day (franceses, luxemburgueses e americanos) devem ter ficado muito contentes com o “timing” que escolheram para um filme de acção a capitalizar a tensão política em França, metendo ao barulho o terrorismo islâmico, a imigração, a extrema-direita e os movimentos contestatários tipo “Occupy”.

Depois o “timing” virou-se contra eles e o filme, que já tivera a estreia adiada depois dos atentados de Novembro passado em Paris, esteve uns meros três dias em cartaz até que os acontecimentos de Nice no verdadeiro Dia da Bastilha levaram à sua retirada das salas. Não há registo de alguém ter lamentado muito a sua falta, e percebe-se porquê. É só um filme de acção bastante medíocre e bastante oportunista, que usa os “efeitos de real” da política como mero engodo para uma história que depois é totalmente ridícula: no género “como roubar um milhão” já se viram histórias mais simples, credíveis e praticáveis do que a de um grupo de políticos e polícias corruptos que se dá ao trabalho de lançar a França num clima de pré-guerra civil com o prosaico objectivo de subtrair umas centenas de milhões de euros ao Banco Nacional - demasiado barulho para uma coisa que, como toda a gente sabe, se pratica melhor em silêncio. O que também só é relevante porque esse colorido traz ao filme uma carga patética desnecessária (são todos caricaturais, dos fascistas aos “activistas”), impossível de esquecer quando o eixo da acção é uma sequência de peripécias a desafiar toda a verosimilhança (bem como toda a lógica), mas conduzida com uma seriedade a que só Idris Elba, no protagonista (um agente da CIA), tenta trazer alguma “nonchalance”, insuficiente para salvar alguma coisa.