António Domingues forçado a ir à comissão de inquérito à CGD
O novo presidente da CGD vai ser ouvido na comissão de inquérito depois de os partidos da esquerda terem chumbado o requerimento do CDS. Centristas usaram direito potestativo e forçaram a audição.
O recomeço da comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos voltou a ser atribulado. Desta vez, o incidente entre os deputados foi à porta fechada (quando a reunião é apenas entre os elementos da mesa e os coordenadores não é aberta à imprensa), mas nem assim se entenderam sobre as audições que querem levar a cabo. A esquerda juntou-se para impedir a audição de António Domingues, o novo presidente da CGD, que tinha sido pedida pelo CDS, e os centristas fizeram uso do poder potestativo para obrigarem a que o gestor seja chamado rapidamente.
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O recomeço da comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos voltou a ser atribulado. Desta vez, o incidente entre os deputados foi à porta fechada (quando a reunião é apenas entre os elementos da mesa e os coordenadores não é aberta à imprensa), mas nem assim se entenderam sobre as audições que querem levar a cabo. A esquerda juntou-se para impedir a audição de António Domingues, o novo presidente da CGD, que tinha sido pedida pelo CDS, e os centristas fizeram uso do poder potestativo para obrigarem a que o gestor seja chamado rapidamente.
O requerimento do CDS para audição do presidente da Caixa, que entrou em funções há uma semana, foi apresentado oralmente na reunião de coordenadores do inquérito parlamentar, mas esbarrou nos partidos da esquerda. Na reunião, PCP e BE alegaram que a audição extrapolava o objecto da comissão de inquérito, como confirmou aos jornalistas o deputado João Almeida, do CDS. Como na redacção final do objecto da comissão de inquérito ficou escrito que os deputados apenas podiam avaliar os factos que levaram à recapitalização da Caixa e não a recapitalização em si, a esquerda entende que o novo presidente (que só entrou na CGD com o processo de recapitalização) nada pode dizer que entre no âmbito da comissão.
“Perante a recusa, exerci o direito potestativo”, anunciou João Almeida. Ou seja, António Domingues vai agora ser contactado pelo presidente da comissão de inquérito, José Matos Correia, para marcar uma data e ser ouvido, em breve, pelos deputados. O CDS tem uma visão diferente da esquerda e, clarifica o deputado centrista, quer ouvir o novo presidente para que este possa “fazer o ponto da situação” que encontrou no banco público. Como “houve uma substituição da administração”, faz sentido ouvi-lo já, justificou João Almeida.
Na passada semana, o mesmo deputado do CDS já antecipara que iria fazer este pedido e defendera a audição do novo presidente para que ele falasse sobre a situação que encontrou no banco. Sobre a recapitalização apresentada pelo Ministério das Finanças, os centristas também queriam ouvir o presidente da CGD, mas na comissão de orçamento e finanças. O que faria duplicar as audições de Domingues.
Na mesma reunião desta quarta-feira à tarde, o deputado do Bloco de Esquerda Moisés Ferreira apresentou um pedido de documentação adicional ao Banco de Portugal e à Caixa. Trata-se de mais de cem novos documentos, como relatórios de auditorias às mais diversas sucursais no estrangeiro.
Para já, não ficou marcada qualquer outra reunião da comissão de inquérito, uma vez que os parlamentares decidiram que o melhor seria só dar início às audições depois de receberem documentação relevante para o funcionamento do inquérito. Matos Correia explicou aos jornalistas que as entidades que tinham de enviar documentos justificaram-se com o “sigilo bancário” para não enviarem grande parte da documentação e que isso “levanta problemas graves ao funcionamento da comissão de inquérito”.
Perante tal recusa, Matos Correia vai agora reforçar os pedidos junto das várias entidades, sobretudo da própria Caixa e do Banco de Portugal, para que estes enviem a documentação em falta. “Essa recusa é inaceitável”, defendeu.