Detido no Brasil suspeito de matar três mulheres em Portugal
Detenção foi anunciada pela Polícia Federal e ocorreu em Belo Horizonte.
A Polícia Federal brasileira deteve na manhã desta segunda-feira, em Belo Horizonte, o brasileiro suspeito de ter matado e ocultado os cadáveres de três mulheres em S. Domingos de Rana, no concelho de Cascais. Os corpos das brasileiras foram encontrados há uma semana e meia numa fossa de um hotel para cães e gatos, onde o suspeito, Dinai Gomes, trabalhou durante vários anos.
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A Polícia Federal brasileira deteve na manhã desta segunda-feira, em Belo Horizonte, o brasileiro suspeito de ter matado e ocultado os cadáveres de três mulheres em S. Domingos de Rana, no concelho de Cascais. Os corpos das brasileiras foram encontrados há uma semana e meia numa fossa de um hotel para cães e gatos, onde o suspeito, Dinai Gomes, trabalhou durante vários anos.
As vítimas são Michele, de 28 anos, com quem o suspeito manteve um relacionamento amoroso e que estaria grávida deste, uma sua irmã de 16 anos e a namorada desta, de 21.
"A Polícia Federal prendeu na manhã de hoje, 5 [de Setembro], o brasileiro suspeito de ter praticado triplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver contra três brasileiras que estavam em Portugal e que haviam sido dadas como desaparecidas desde Fevereiro deste ano", diz um comunicado das autoridades brasileiras.
"O preso será encaminhado para a Penitenciária Nelson Hungria, onde permanecerá à disposição da Justiça. O homem poderá ser condenado a até 99 anos de prisão", acrescenta a mesma nota, que especifica que nesta segunda-feira foram cumpridos "um mandado de prisão temporária, um mandado de busca e apreensão na residência do suspeito e um mandado de condução coercitiva".
Os mandados foram emitidos por um juiz federal de Belo Horizonte, explicou ao PÚBLICO um assessor de comunicação da Polícia Federal, Gabriel Udelsmann, que não prestou mais pormenores sobre a investigação. O porta-voz adiantou, contudo, que a prisão decretada é temporária, tendo um prazo máximo de 10 dias ou de 60 dias, no caso de os crimes serem considerados hediondos. A detenção poderá ser entretanto convertida em prisão preventiva, o que permitirá manter o suspeito na cadeia até ao fim da investigação.
O comunicado explica ainda que a polícia brasileira foi informada a 26 de Agosto pela polícia portuguesa "de que os corpos das jovens Michele Santana Ferreira, Lidiana Neves Santana e Thayane Milla Mendes Dias foram encontrados no local de trabalho/residência do suspeito em Portugal".
Michele estava há cerca de oito anos em Portugal, onde trabalhava como empregada doméstica. Em Novembro do ano passado, a irmã Lidiana veio também para Portugal e, já em Janeiro deste ano, a namorada, Thayane, seguiu-a. As três moravam num apartamento com o suspeito, a quem pertenceria o imóvel.
A família das duas irmãs reagiu com satisfação à detenção do suspeito. "Não traz as meninas de volta, mas dá um alívio muito grande", afirmou por telefone ao PÚBLICO a cunhada das duas vítimas, Maria Aparecida. A sogra, mãe das meninas, esteve a semana passada na Polícia Federal em Belo Horizonte. "Ela foi recolher ADN e entregar o registo das conversas que o Dinai teve com ela pela Internet no dia anterior a regressar ao Brasil, tranquilizando-a e dizendo que as meninas estavam bem e que tinham viajado para Inglaterra", conta.
Polícia Judiciária investiga caso em Portugal
As autoridades brasileiras têm estado a trabalhar em articulação com a Polícia Judiciária (PJ), que continua a investigar o caso em Portugal, onde se encontram a maior parte das provas dos crimes. A Unidade Nacional de Contra-Terrorismo da PJ acredita que o motivo dos homicídios está relacionado com a necessidade de o suspeito esconder o seu relacionamento com Michele, que este até já teria pedido em casamento.
Tudo terá sido precipitado por uma viagem a Portugal de uma outra companheira do brasileiro, que vivia no Brasil e com a qual tem uma filha, precisamente em Fevereiro, o mês em que as três vítimas foram dadas como desaparecidas. A polícia recolheu indícios de que o suspeito terá mantido esse relacionamento durante os anos que esteve em Portugal, ocultando à mãe da sua filha que vivia com outra mulher em Portugal. Aliás, o suspeito, que regressou ao Brasil no final de Fevereiro, terá viajado acompanhado por essa companheira e pela filha de ambos, que também visitou Portugal.
O facto de o Brasil não extraditar nacionais para Portugal obrigará a que o processo existente cá seja transferido para aquele país sul-americano, onde o suspeito deverá ser julgado. Mesmo assim, as autoridades brasileiras e portuguesas terão que continuar a trabalhar em conjunto, até que a investigação esteja concluída. As autópsias das vítimas já foram realizadas, mas ainda se aguardam os respectivos relatórios e os resultados de exames complementares, que ganham relevância face ao avançado estado de decomposição dos corpos.