O governo e a difícil gestão à sua esquerda
Não é à direita que o governo do PS terá problemas, mas a enfrentar o “queremos mais” à sua esquerda.
Pelas declarações de Passos Coelho e Assunção Cristas nas respectivas “escolas” de Verão, percebe-se que não é daí que o PS terá de enfrentar as maiores tormentas. O líder do PSD, numa pose que lembra o “estão verdes, não prestam” da fábula da raposa e as uvas, repete que o governo está esgotado, condenado ao fracasso, confinado ao fiasco, ao imobilismo, mas ainda assim admite que ele possa durar, e não pouco. “Até pode estar cá quatro anos”, disse, “mas não conseguirão gerar um grama de expectativa para o futuro”. Por isso o PSD não dirá “que se lixe o país” e há-de estar aí a salientar o que há de negativo. Morno. No orçamento é que o PSD não votará. As contas são do PS, o PS que trate das contas. Já Assunção Cristas, além de insistir que o CDS é a “alternativa sensata” (será insensata, a do PSD?), garantir que dos centristas não virão “radicalismos” e chamou a si a defensa da classe média, por sinal desde há anos massacrada pelas austeridades rosa e laranja. Uma coisa popular para os populares e meses de sossego. O PS que se arranje com as contas.
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Pelas declarações de Passos Coelho e Assunção Cristas nas respectivas “escolas” de Verão, percebe-se que não é daí que o PS terá de enfrentar as maiores tormentas. O líder do PSD, numa pose que lembra o “estão verdes, não prestam” da fábula da raposa e as uvas, repete que o governo está esgotado, condenado ao fracasso, confinado ao fiasco, ao imobilismo, mas ainda assim admite que ele possa durar, e não pouco. “Até pode estar cá quatro anos”, disse, “mas não conseguirão gerar um grama de expectativa para o futuro”. Por isso o PSD não dirá “que se lixe o país” e há-de estar aí a salientar o que há de negativo. Morno. No orçamento é que o PSD não votará. As contas são do PS, o PS que trate das contas. Já Assunção Cristas, além de insistir que o CDS é a “alternativa sensata” (será insensata, a do PSD?), garantir que dos centristas não virão “radicalismos” e chamou a si a defensa da classe média, por sinal desde há anos massacrada pelas austeridades rosa e laranja. Uma coisa popular para os populares e meses de sossego. O PS que se arranje com as contas.
Mas as contas do PS não hão-de ser fáceis. O Bloco já tinha prometido batalhar por mais conquistas e o PCP, pela voz de Jerónimo de Sousa, disse agora no Avante! que se está “aquém do que é necessário”, acrescentando que “outras medidas são necessárias para melhorar as condições de voda dos trabalhadores e do povo.” Naturalmente, o PCP terá até razão, pelo que se conhece das muitas misérias que há por aí; mas com que dinheiro? E é aqui que todos repetirão, em uníssono: as contas são do PS, o PS que trate das contas. Há uma aliança à esquerda? Pois há, mas Jerónimo lembrou também que “o actual quadro político traduziu-se não na formação de um governo de esquerda, mas sim na formação e entrada em funções de um governo minoritário do PS com o seu próprio programa.” Bem lembrado: as contas são do PS. Mas o dinheiro não. E não vai ser uma brincadeira gerir isto.