Família de rapaz espancado vai pedir indemnização a embaixador iraquiano
Imunidade diplomática dos agressores ainda não foi levantada, apesar do pedido de Portugal nesse sentido.
A família de Ruben Cavaco, o rapaz de 15 anos espancado pelos filhos do embaixador iraquiano em Ponte de Sor, vai pedir uma indemnização ao diplomata quando souber a extensão dos danos provocados à vítima.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A família de Ruben Cavaco, o rapaz de 15 anos espancado pelos filhos do embaixador iraquiano em Ponte de Sor, vai pedir uma indemnização ao diplomata quando souber a extensão dos danos provocados à vítima.
Quem o diz é o advogado dos familiares, Santana-Maia Leonardo, sublinhando que isso nada tem a ver com desistir da queixa-crime. Uma vez que se trata de um crime público, um eventual julgamento dos jovens de 17 anos - que só pode ocorrer caso lhes seja levantada a imunidade diplomática - está dependente da iniciativa do Ministério Público, e não de Ruben ou da família. E o Ministério Público já disse que queria constituir arguidos os gémeos Haider e Ridha, por tentativa de homicídio.
“À família é por isso impossível trocar o ressarcimento pela desistência da queixa”, repete Santana-Maia Leonardo. “E não está, neste momento, em condições de pedir qualquer quantitativo, uma vez que ignora a extensão dos danos provocados. Mas qualquer pessoa que causa prejuízos a outra deve repará-los. Quando se souber a extensão dos danos será pedida uma indemnização.”
A boa notícia é que a recuperação de Ruben Cavaco, agredido há duas semanas, está, segundo o advogado, a acontecer mais depressa do que se pensava. Em breve deverá poder ser ouvido, no serviço de neurologia do hospital de Santa Maria, onde continua internado, pelos inspectores da Polícia Judiciária que estão a investigar o que se passou na madrugada de 17 de Agosto. “Hoje mesmo deve fazer uma TAC [tomografia axial computadorizada] para avaliar a extensão dos danos”, diz Santana-Maia Leonardo. “Mas o período de recuperação ainda pode demorar seis ou sete meses”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros solicitou há oito dias ao encarregado de negócios da embaixada do Iraque o levantamento da imunidade diplomática dos gémeos, mas isso até agora não aconteceu.
O levantamento da imunidade diplomática aos filhos do embaixador iraquiano que, a 17 de Agosto, agrediram com violência um jovem de 15 anos em Ponte de Sor será tema de uma reunião que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, terá com o seu homólogo iraquiano em Nova Iorque ainda este mês.