Portugal entrega seis F-16 à Roménia, metade de programa de 181 milhões
Presidente visitou Base Aérea de Monte Real no dia em que regressaram os quatro aviões que cumpriram missão de policiamento no Báltico.
Marcelo Rebelo de Sousa escolheu visitar a Base Aérea nº 5 no dia em que regressaram a casa os quatro F-16 e parte do contingente militar que, nos últimos quatro meses, lideraram uma missão NATO de policiamento aéreo no Báltico. O Presidente da República estava na placa quando aterraram os primeiros dois aviões, mas ali, em Monte Real, foi também posto a par do programa de alienação de 12 daqueles caças à Roménia, um negócio pioneiro de 181 milhões de euros que está a motivar o interesse de outros países de Leste, como a Bulgária.
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Marcelo Rebelo de Sousa escolheu visitar a Base Aérea nº 5 no dia em que regressaram a casa os quatro F-16 e parte do contingente militar que, nos últimos quatro meses, lideraram uma missão NATO de policiamento aéreo no Báltico. O Presidente da República estava na placa quando aterraram os primeiros dois aviões, mas ali, em Monte Real, foi também posto a par do programa de alienação de 12 daqueles caças à Roménia, um negócio pioneiro de 181 milhões de euros que está a motivar o interesse de outros países de Leste, como a Bulgária.
O contrato com a Roménia foi assinado há três anos, mas só este mês serão entregues os primeiros seis F-16 em estado operacional. É que a venda destes aviões é apenas uma parte do negócio, que inclui também a formação e treino de pilotos e técnicos - mais de 80 militares romenos até 2017 -, a preparação e actualização das aeronaves e o envio de uma equipa portuguesa naquele país por dois anos.
“O mais importante neste programa é a nossa certificação, pelos Estados Unidos, para dar todo o programa formativo a pilotos, engenheiros e mecânicos. Somos o único país da Europa a ter esse reconhecimento”, afirmou ao PÚBLICO o major Rui Roque, salientando a colaboração com as OGMA, Indústria Aeronáutica de Portugal, que assegura uma parte da preparação destes aviões.
Nesta base aérea havia já muito know-how de manutenção e transformação de F-16, uma vez que ali foram já montados metade dos 40 destes caças comprados aos Estados Unidos em 1993. Ali é feita a manutenção e transformação das aeronaves, que fazem uma revisão geral a cada 300 horas de voo, além da actualização de software sempre que necessário. Só para cumprir o contrato com a Roménia, foram já contabilizadas mais de 50 mil horas de trabalho na revisão e aperfeiçoamento dos aviões a vender, além de muitas centenas de horas em instrução aos militares romenos.
O negócio compensa e as conversações com a Bulgária para replicar um programa deste género já estão em curso. Mas se vier a ser fechado um acordo, Portugal terá de adquirir mais F-16 aos Estados Unidos, pois não poderá reduzir ainda mais o seu equipamento disponível.
“Orgulho e reconhecimento”
O ponto alto da visita presidencial à Base Aérea de Monte Real foi, claro, a chegada dos dois primeiros F-16 a regressar da Lituânia onde, a 31 de Agosto, terminou a participação de Portugal na missão NATO BALTIC AIR POLICING 2016. Como explicou ao PÚBLICO o tenente-coronel Luís Morais, comandante do último destacamento nesta missão, Letónia, Estónia e Lituânia “não têm capacidade aérea – caças de intercepção – para fazer o patrulhamento” do seu espaço aéreo, e por isso a NATO assegura esta função desde 2004, quando estes países aderiram à Aliança Atlântica.
Portugal participou este ano pela terceira vez, com quatro destacamentos de 90 militares (um em cada mês), como líder da missão em que participou também o Reino Unido. Nestes quatro meses, os quatro F-16 ali destacados voaram 380 horas e efetuaram 16 missões reais de defesa aérea. A sua intervenção é solicitada sempre que, no espaço aéreo destes três países, é detectado algum avião sem plano de voo, comunicações ou órgãos de tráfego aéreo, ou quando não responda a posições de radar.
Na recepção aos militares que passaram pela Lituânia, Marcelo Rebelo de Sousa salientou o “orgulho” e “reconhecimento” do país na Força Aérea e das Forças Armadas e enalteceu “o labor, competência, proficiência e planeamento”. “Tenho ouvido de responsáveis de países amigos no quadro da Aliança Atlântica palavras de elogio aos militares portugueses nestas missão de defesa da Europa, de policiamento e preservação de paz numa zona muito sensível do globo”, sublinhou o Presidente.
Monteiro Silva, o major piloto aviador que trouxe para casa uma das aeronaves, não escondeu a sua felicidade por regressar ao “porto seguro” do seu país e da sua família. Já o Presidente, voou dali para o Porto num C295, depois de seis horas a ver aviões em Monte Real.