População de elefantes da savana caiu 30% em seis anos
Angola, Moçambique e Tanzânia são os países mais afectados pela caça ilegal. No Nordeste da República Democrática do Congo, no Norte dos Camarões e no Sudoeste da Zâmbia os elefantes estão ameaçados de "extinção local".
A população de elefantes que vive na savana africana caiu 30% entre 2007 e 2013, sobretudo devido à caça ilegal, de acordo com um recenseamento inédito realizado em 18 países e publicado esta quarta-feira.
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A população de elefantes que vive na savana africana caiu 30% entre 2007 e 2013, sobretudo devido à caça ilegal, de acordo com um recenseamento inédito realizado em 18 países e publicado esta quarta-feira.
"Realizámos um inquérito de amplitude colossal e que o que encontrámos é profundamente inquietante", disse Paul Allen, co-fundador da Microsoft e filantropo que ajudou a financiar este projecto de sete milhões de dólares (6,3 milhões de euros), citado num comunicado.
Inédito pela sua dimensão, o recenseamento de elefantes foi realizado porque foi possível enviar cientistas e defensores da fauna a 18 países africanos para contarem o número de elefantes, mortos ou vivos, que observaram.
O objectivo foi estabelecer uma base de dados fiável para o estudo futuro das populações de elefantes, de forma a poder-se proteger de forma mais eficaz este animal dizimado pelos caçadores furtivos que lhes querem retirar os dentes de marfim.
Paul Allen disse que espera lançar um estudo semelhante para os elefantes que vivem nas florestas africanas.
"Sabendo que a população de elefantes diminui, temos a responsabilidade colectiva de agir", disse Allen, precisando que o resultado completo do estudo deve ser publicado durante uma conferência no Havai da União Internacional para a Conservação da Natureza.
O recenseamento dos elefantes da savana começou em 2013. Com a ajuda de 81 aviões, 268 participantes percorreram 436 mil quilómetros de voo. No total, foram registados 352.271 elefantes, 30% menos do que a estimativa de 2007 para esta população.
Este declínio acelerou ao longo dos anos e acontece actualmente a um ritmo de 8% ao ano, segundo o estudo que identifica Angola, Moçambique e Tanzânia como os países mais afectados pela caça ilegal. No Nordeste da República Democrática do Congo, no Norte dos Camarões e no Sudoeste da Zâmbia os elefantes estão ameaçados de "extinção local".
O estudo demonstrou também que as populações são estáveis, com tendência para crescer, na África do Sul, Botswana e Uganda, em algumas partes do Quénia, Zâmbia, Zimbabwe e Malawi, assim como na reserva W-Arli-Pendjari, que se estende por territórios do Benin, Nigéria e Burkina Faso.
O recenseamento dos elefantes da savana está ainda por fazer em dois países, a República Centro Africana e o Sudão do Sul, onde acesso é muito difícil, devido aos conflitos nestes países.