Mariano Rajoy perdeu a primeira votação para a tomada de posse
Sexta-feira o popular faz nova tentativa. Mas a não ser que alguns deputados socialistas decidam contrariar a liderança de Pedro Sánchez, os espanhóis irão às urnas novamente em Dezembro.
Se as palavras agressivas que foram ouvidas no Parlamento de Madrid tiverem eco futuro, Mariano Rajoy não conseguirá tomar posse como chefe do Governo nem na sexta-feira, nem em Outubro, e a Espanha terá que ir a votos pela terceira vez. Na votação desta quarta-feira, ficou bem claro que as posições políticas estão irreconciliáveis: um governo Rajoy foi chumbado com 180 votos contra, tendo recebido 170 a favor (houve zero abstenções).
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Se as palavras agressivas que foram ouvidas no Parlamento de Madrid tiverem eco futuro, Mariano Rajoy não conseguirá tomar posse como chefe do Governo nem na sexta-feira, nem em Outubro, e a Espanha terá que ir a votos pela terceira vez. Na votação desta quarta-feira, ficou bem claro que as posições políticas estão irreconciliáveis: um governo Rajoy foi chumbado com 180 votos contra, tendo recebido 170 a favor (houve zero abstenções).
Rajoy, chefe do Governo em exercício e líder do Partido Popular (conservador) precisava que 176 dos 350 deputados ficassem do seu lado para formar um executivo minoritário. Contou com os 137 votos do seu partido, os 32 do Cidadãos e um da Coligação Canária, tal como estava previsto.
Na sexta-feira há nova votação, bastando-lhe nessa altura uma maioria simples (mais votos a favor do que contra) para ser investido. Precisa, para que esse cenário aconteça, de abstenções, que só podem surgir do PSOE. Mas se o partido se mantiver coeso, se nenhum deputado quebrar a decisão da liderança de Pedro Sánchez, o fracasso de Rajoy está assegurado. Foi isso que prometeu esta quarta-feira o líder socialista.
"O grupo parlamentar socialista votará contra si", disse Sánchez. O socialista acusou Rajoy de nada ter feito para alargar a sua maioria, ou seja, para conseguir os votos que lhe faltavam junto dos socialistas.
Acusação idêntica fez Aitor Esteban, líder da bancada parlamentar do Partido Nacionalista Basco: "O senhor não fez nada para conseguir o nosso voto e não votaremos em si".
Sánchez disse que Rajoy adoptou uma postura de "ou eu ou o caos", exigindo a abstenção dos adversários políticos e não procurando entendimentos. "Isso é chantagem", disse o socialista. "O PSOE não vai abster-se perante a corrupção e o corte nos direitos [dos cidadãos]. Você não é de fiar. Não lhe daremos um perdão injustificável", acusou.
Em resposta, Mariano Rajoy acusou Pedro Sánchez de bloquear a formação de um governo por querer "obstinadamente novas eleições".
Segundo a Constituição, o voto desta quarta-feira abriu a contagem de um período de dois meses para ser encontrada uma solução governativa. Se isso não acontecer, o Parlamento será automaticamente dissolvido a 31 de Outubro e novas eleições são marcadas.
Este impasse político decalca o que já se passou no ano passado, depois das eleições de Dezembro, quando os partidos não conseguiram formar alianças e um governo num país onde além das forças políticas mais antigas, PP e PSOE, existem agora os novos partidos Podemos (esquerda) e Cidadãos (centro). A este cenário junta-se o movimento independentista da Catalunha, que também dificulta alianças.
"Os partidos não saem das suas posições e uma terceira votação é o cenário mais provável", disse à AFP António Barroso, analista no think-tank Teneo Intelligence, com sede em Londres.
O PSOE recusa abster-se a favor de um dirigente impopular (Rajoy) cujo partido está mergulhado numa sucessão de escândalos. Sánchez não está em condições de tentar uma investidura. "Impossível, nem vamos tentar", disse à AFP um conselheiro do líder socialista, sublinhando a "desconfiança total" do partido no Podemos.
Por tudo isto uma análise do El País dizia: "Não a esta investidura e não a futuras investiduras que Mariano Rajoy poderia tentar nos próximos meses. O líder que abandone qualquer esperança de pactuar com o PSOE e até de conseguir a abstenção dos deputados socialistas. (...) O caminho é quase de certeza terceiars eleições em Dezembro.
Será esse o passo que se segue, com o calendário a ditar que uma eventual votação ocorra a 25 de Dezembro? O PSOE já está a preparar um diploma para antecipar as eleições para 18 de Dezembro, antes do período de férias. O diploma já tem o apoio do Cidadãos e do Podemos, o que é considerado outro sinal de que todos já pensam numa nova ida às urnas.
Novas votações podem, porém, penalizar alguns dos que as desejam. "Isto é uma vergonha. O bloqueio é responsabilidade do PP de Rajoy e do PSOE de Sánchez. São uns arrogantes", disse Juan Antonio Jareno, um eleitor de 47 anos.