Marcelo nas Selvagens para "marcar território"

Presidente da República visitou durante a tarde as Desertas, no segundo dia da visita oficial à Madeira. Esta terça-feira desembarca na Selvagem Grande.

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Marcelo é o quarto Presidente a desembarcar nas Selvagens Carlos Lopes

Ao desembarcar na Selvagem Grande, amanhã, Marcelo Rebelo de Sousa estará a marcar território, mas sem dar demasiada importância ao diferendo luso-espanhol em relação à classificação daquele sub-arquipélago madeirense. A sua frase foi simples: "Onde o Presidente da República vai, marca território", disse aos jornalistas à bordo da fragata NRP D. Francisco de Almeida, depois de uma curta visita - pouco mais de uma hora - às ilhas Desertas. 

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Ao desembarcar na Selvagem Grande, amanhã, Marcelo Rebelo de Sousa estará a marcar território, mas sem dar demasiada importância ao diferendo luso-espanhol em relação à classificação daquele sub-arquipélago madeirense. A sua frase foi simples: "Onde o Presidente da República vai, marca território", disse aos jornalistas à bordo da fragata NRP D. Francisco de Almeida, depois de uma curta visita - pouco mais de uma hora - às ilhas Desertas. 

Quando em Junho passado anunciou a viagem às Selvagens, Marcelo retirou qualquer peso diplomático da deslocação, mas agora juntou à "curiosidade natural" inicialmente apontada, a "curiosidade jurídico-política" como justificação para a visita de terça-feira, que encerra a deslocação à Madeira.

"Existem novos argumentos de Portugal sobre a extensão da plataforma continental e é importante conhecê-los", explicou, garantindo não estar preocupado com o entendimento que Madrid tem sobre aquele território. "Do lado espanhol, a partir de 2015, há sinais muito simpáticos sobre as pretensões portuguesas de extensão da plataforma continental", justificou, dizendo-se satisfeito por ter conhecido as Desertas.

A comunicação social e restante comitiva não desembarcaram naquela reserva natural, pois o mar alterado não dava garantias de segurança aos botes do navio. A única embarcação disponível - uma lancha da Polícia Marítima - foi utilizada pelo Presidente da República, pela ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e pelo líder do executivo madeirense, Miguel Albuquerque.

"Foi uma coincidência feliz", contou Marcelo no regresso. "A primeira vez que o Presidente da República foi às Desertas, foi também a primeira vez do presidente do governo regional", disse, justificando a viagem com o imperativo que o chefe de Estado tem em ir a todas as parcelas do território nacional.

Mas não foi fácil. A ida, com vento forte e ondas contrárias, dificultou a curta viagem e o transbordo para um bote mais pequeno, que permitisse o desembarque na praia. Marcelo não se arrepende. Conheceu uma reserva natural premiada internacionalmente, viu espécies raras como a alma-negra (uma ave) e visitou o local de acasalamento de lobos-marinhos.

É nas Desertas, cuja maior ilha tem pouco mais de 11 quilómetros de comprimento e menos de 500 metros de altura, que estes animais têm uma colónia protegida. O Presidente, que cumpriu o itinerário turístico, ouviu estas explicações dos dois vigilantes do Parque Natural, que estão colocados em permanência (a rotação é feita a cada 15 dias) na reserva.

O segundo dia da visita à Madeira, a terceira que efectua desde que chegou em Março a Belém, termina com um jantar solidário, no Funchal, para ajudar associações de bombeiros. Termina como começou, em terra firme mas com cheiro o mar. Pela manhã, na Calheta (Oeste do Funchal), Marcelo visitou um centro de investigação de maricultura do executivo regional. Oportunidade para reafirmar a importância da aposta nas indústrias ligadas ao mar.

"A vocação marítima é parte da nossa história", disse elogiando o "esforço" que Portugal está a fazer para estender a plataforma continental. "Essa deve ser a nossa aposta. Temos a vocação e temos o território", vincou, destacando o trabalho que está a ser desenvolvido na Calheta.

O objectivo da Madeira, disse depois o presidente do governo regional, Miguel Albuquerque, é exportar cinco mil toneladas de pescado criado em cativeiro até 2020, mas a insularidade tem sido um entrave para o crescimento de uma indústria que actualmente produz cerca de uma tonelada por ano. O chefe de Estado disse estar sensível a esse problema. Tomou nota e acrescentou que a ministra da Administração Interna também o fez.

A comitiva seguiu depois para uma rádio local, onde o Presidente falou em directo para a população. O caminho faz-se a pé em cinco minutos. Marcelo, entre abraços, beijos, conversas e selfies com populares, levou quase uma hora. "Está cansado, senhor Presidente?", perguntaram. Nada disso, na Madeira, diz Marcelo, não se cansa.

Antes, ainda, no centro de maricultura, Marcelo ouviu as explicações dos responsáveis com interesse, e não deixou de pôr as mãos na massa, alimentando os peixes nos tanques. "Um pouco para a direita, um pouco para a esquerda." Como um Presidente deve fazer. 

Antes de regressar a Lisboa, Marcelo e comitiva viajam num helicóptero da Força Aérea para as Selvagens, um sub-arquipélago que é o ponto mais meridional do território nacional. Aí, além de visitar o recém-instalado posto da Polícia Maritimo e de conhecer algumas das espécies daquela reserva natural, o Presidente da República ouvirá uma exposição sobre a proposta portuguesa para a extensão da plataforma continental.

Marcelo Rebelo de Sousa é quarto Chefe de Estado a visitar aquelas ilhas, depois de Mário Soares (1991), Jorge Sampaio (2003) e Cavaco Silva (2013).