Guerra tirou seis anos de vida aos sírios, revela estudo
As guerras que se seguiram à Primavera Árabe tiveram um grande impacte na saúde e esperança de vida das populações de 22 países da região do Mediterrâneo.
A guerra na Síria, que começou há cinco anos, já tirou seis anos à esperança média de vida dos homens sírios. Se em 2010 a idade era de 75 anos, em 2013 caiu para os 69. Para as mulheres sírias o cenário é semelhante: a esperança média de vida desceu de 80 para 75 anos. A mortalidade infantil também tem aumentado. O conflito na Síria compromete os avanços alcançados nas últimas duas décadas na área da saúde – as consequências da guerra vão durar anos.
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A guerra na Síria, que começou há cinco anos, já tirou seis anos à esperança média de vida dos homens sírios. Se em 2010 a idade era de 75 anos, em 2013 caiu para os 69. Para as mulheres sírias o cenário é semelhante: a esperança média de vida desceu de 80 para 75 anos. A mortalidade infantil também tem aumentado. O conflito na Síria compromete os avanços alcançados nas últimas duas décadas na área da saúde – as consequências da guerra vão durar anos.
Um estudo publicado na Lancet Global Health revelou o impacte da Primavera Árabe, no final de 2010 – e os conflitos que a ela se seguiram –, na saúde e na esperança de vida das pessoas que vivem em 22 países da região do Mediterrâneo. “O declínio da esperança de vida é tradicionalmente considerado um sinal de que o sistema social e o sistema de saúde estão a falhar. O facto de isto estar a acontecer em vários países indica que há uma necessidade imediata de investir nos sistemas de saúde”, alertou Ali Mokdad, do Institute for Health Metrics and Evaluation na Universidade de Washington, nos EUA, que liderou a investigação.
De acordo com estes dados, recolhidos em 2013, a Síria é o caso mais grave, mas também no Iémen, Líbia, Tunísia e Egipto se regista um deterioramento da saúde. Quanto à mortalidade infantil, a Síria apresenta os números que mais impressionam: entre 2010 e 2013 aumentou em 9,1% – na década anterior diminuía em média 6% por ano.
“Os recentes conflitos destruíram as infra-estruturas em vários países. Como resultado, milhões de pessoas enfrentam uma escassez de água extrema e falta de saneamento, que levará ao desenvolvimento de doenças, que devem ser controladas”, acrescentou Mokdad. O quadro apresentado por este estudo revelou a regressão que alguns países do Mediterrâneo enfrentam devido à guerra, sendo o aumento de doenças uma das preocupações.
“Os conflitos em curso têm aumentado dramaticamente as doenças crónicas e lesões e muitos profissionais da área da saúde fugiram para lugares mais seguros. Este problema vai conduzir à deterioração das condições de saúde em muitos países por vários anos, pressionado os recursos que já são escassos”, concluiu o professor, revelando o cenário na região.
O grupo de investigação do Institute for Health Metrics and Evaluation da Universidade de Washington analisou os padrões de saúde e de mortes causadas por 306 doenças e ferimentos e calculou a contribuição de 79 factores de risco na região do Mediterrâneo ao longo de 23 anos – de 1990 a 2013. Foram usados dados de um estudo de 2013, Global Burden of Disease, publicado na revista Lancet Global Health e financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates.