Lisboa volta a sair à rua com cultura gratuita e em sítios improváveis

Numa programação alargada, a organização do Lisboa na Rua pretende que o público se “perca” pelos jardins e ruelas da capital e encontre novos sítios e influências culturais.

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A oitava edição do Lisboa na Rua começa na próxima quinta-feira e termina a 1 de Outubro. Miguel Manso

Nos finais de tarde do que resta do Verão há um festival que se prolonga por mais de um mês. O Lisboa na Rua volta a instalar-se nos espaços públicos da capital, desta vez alargando-se  a recantos e jardins mais improváveis e fora do centro histórico. A oitava edição sai às ruas a partir da próxima quinta-feira, até dia 1 de Outubro. Todas as actividades são gratuitas.

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Nos finais de tarde do que resta do Verão há um festival que se prolonga por mais de um mês. O Lisboa na Rua volta a instalar-se nos espaços públicos da capital, desta vez alargando-se  a recantos e jardins mais improváveis e fora do centro histórico. A oitava edição sai às ruas a partir da próxima quinta-feira, até dia 1 de Outubro. Todas as actividades são gratuitas.

Se a  presidente da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa (EGEAC), Joana Gomes Cardoso, tivesse de definir o Lisboa na Rua numa palavra essa seria “desafio”. O festival, que nasceu para atrair turistas, alargou o seu conceito e já se não se cinge a actividades no centro histórico, no Largo de São Carlos ou no Terreiro do Paço. A cultura vai sair também às ruas de uma Lisboa mais "marginal". Um dos exemplos que Joana aponta é o Cinecidade, no Museu da Cidade. De 28 de Agosto a 24 de Setembro, filmes como E.T., O Extraterrestre, Os Verdes Anos ou Blow Up podem ser vistos ao ar livre. “O jardim onde os filmes vão ser projectados é muito bonito e muitas pessoas nem o conhecem. Vai ser uma boa oportunidade”, aconselha Joana Gomes Cardoso.

Outro dos exemplos do “alargamento” referido pela presidente da EGEAC é a Música na Quinta da Alfarrobeira, em São Domingos de Benfica. Ali vão acontecer concertos de Luísa Amaro, com a guitarra portuguesa, de Sentir Flamengo ou de Mário Laginha. Nesta descentralização há um ponto relevante: a preocupação em trazer ao festival pessoas que apesar de não viverem em Lisboa estejam perto da capital, como os moradores da Linha de Sintra ou da Margem Sul. E tem sido assim que o festival tem evoluído. A pensar cada vez mais no público português, mas sem esquecer os turistas. 

“Os lisboetas gostam muito da sua cidade e estão com vontade de a descobrir”, refere Joana. Por isso, no programa destacam-se as visitas guiadas do Ler e Ver Lisboa, inspiradas no livro homónimo. A presidente da EGEAC reconhece que estes passeios são para um público mais local. O fado também não ficou esquecido no Lisboa na Rua. Gisela João, Camané e Carlos do Carmo vão subir ao palco do Largo de São Carlos. Ainda dentro do fado, mas com se fosse um baile, pode-se referir o concerto de Pedro Jóia Trio, no dia 23 de Setembro, na Ribeira das Naus.

De acordo com a presidente da EGEAC, há também um evento mais “arrojado” este ano, o Lisboa Soa. De 1 a 4 de Setembro, a Estufa Fria, no Jardim da Tapada das Necessidades, recebe um festival que questiona o ruído e o som nas cidades, tanto numa vertente académica como artística. A Portugal, chegam performances de artistas internacionais como o japonês Akio Suzuki ou Allard Van Hoorn.

Pela “excepcionalidade”, Joana Gomes Cardoso destaca a apresentação integral das Sinfonias de Beethoven. “É algo que nunca se fez na rua”, sublinha. Foi há 43 anos que todas as sinfonias de Beethoven foram tocadas na capital e num espaço fechado, o Coliseu. De 28 de Setembro a 1 de Outubro, estas obras clássicas podem ser escutadas no Terreiro do Paço, interpretadas pela Orquestra Metropolitana de Lisboa.

A presidente da EGEAC valoriza esta "oportunidade" de se poder ouvir música na rua e de forma gratuita. Reconhece que, no caso das sinfonias, se trata de um estilo de música que pode ser exigente, mas assinala também que o público português tem mostrado que está preparado. Prova disso, nota, é a adesão aos concertos no Música nas Praças, agora Dia Mundial da Música. No Largo São Carlos, nas Ruínas do Carmo, no Museu do Chiado e no Terreiro do Paço, as comemorações do dia da música (1 de Outubro) têm sido feitas feito no centro histórico, por enquanto. “Porque não passar também para outro local da cidade para o ano?”, questiona-se Joana Gomes Cardoso.

Há mais clássicos na programação do Lisboa na Rua. A iniciativa Arte da Big Band traz orquestras de jazz aos jardins de Lisboa, muma “mostra do que se passa no país”, que inclui a Big Band Estarrejazz, a Orquestra de Jazz do Algarve e a Orquestra Jazz de Leiria. Dos jardins parisienses para os jardins portugueses, o festival Kiosquorama volta a Lisboa. Nesta terceira edição vai estar no coreto do Jardim da Estrela, com artistas como Sarah Maison, Robi ou Cléa Vincent.

A programação é variada e direccionada a diferentes públicos. Este ano, o orçamento global da EGEAC para o festival ronda os 250 mil eurosNa organização estão também o Turismo de Portugal e a Câmara Municipal de Lisboa.

Como aproveitar o Lisboa na Rua? “Não há regras”, responde Joana Gomes Cardoso. Através de folhetos ou do programa no site da EGEAC, a ideia é que cada pessoa faça a seu percurso e que conheça novos sítios e influências artísticas. O objectivo do festival é que cada um tenha liberdade de escolha para se perder nas ruas da cidade. De toda a cidade, insiste.